Rio Grande do Sul devastado: tornado, 8 mortes, 107 cidades afetadas e mais de 2 mil pessoas fora de casa!

O Rio Grande do Sul foi devastado pelos fortes temporais provocados por uma frente fria desde o início da semana. 8 mortes já foram confirmadas e o risco persiste com a previsão de mais chuvas.

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Um tornado foi registrado no último sábado (27) na zona rural do município de São Martinho da Serra. Apesar dos ventos fortes e da chuva intensa, ninguém ficou feriado. Foto: reprodução

Com a atuação de uma intensa frente fria, o Rio Grande do Sul tem sido devastado como previsto devido ao alto volume de precipitação e tempo severo. Ventos acima de 80km/h estão sendo registrados, desabamentos, enchentes, e até um tornado. Tudo isso já aconteceu e tem mais coisas por vir.

O que se sabe até o momento é que 8 mortes foram confirmadas no estado gaúcho, cerca de 107 cidades foram afetadas e mais de 2 mil pessoas estão fora de casa. Além dos mortos, 21 pessoas continuam desaparecidas. Mais de 19 mil pessoas foram atingidas pelas chuvas dos últimos dias.

Em Santa Maria, no centro gaúcho, registrou nas últimas 72 horas 342 milímetros através de estações do INMET. Teve muita chuva também na serra, com 336 milímetros em Bento Gonçalves. Em Porto Alegre já choveu quase 190 milímetros.

As mortes confirmadas até o momento foram registradas em Paverama, Pantano Grande, Encantado, Itaara, Santa Maria, Segredo, Salvador do Sul. Em Candelária tem oito pessoas desaparecidas, ou seja, o número de mortos pode aumentar infelizmente.

Além dos impactos e destruição nas cidades, a zona rural do município de São Martinho da Serra, no centro gaúcho, registrou uma tempestade severa com tornado no último sábado (27), que causou danos materiais e deslocamento de pessoas que fugiram dos ventos fortes e da chuva intensa provocados pelo fenômeno. Apesar dos danos à rede elétrica, não houve registro de feridos.

Ainda há risco de chuvas intensas e elevado volume

Os próximos dias ainda serão marcados pela intensa chuva em partes da região Sul do Brasil, especialmente ainda no Rio Grande do Sul, ou seja, a preocupação é imensa porque já choveu muito e ainda tem bastante água para cair. Rios já estão cheios, enchentes já se espalharam, o solo já está encharcado e desabamentos já ocorreram, e tudo isso pode se repetir nos próximos dias.

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Mais de 300 milímetros de precipitação ainda são esperados sobre o Rio Grande do Sul até início da semana que vem.

A frente fria vai permanecer estacionária sobre o Rio Grande do Sul pelo menos até esta quinta-feira (02) e depois tende a avançar para Santa Catarina, que também se prepara para registrar altos volumes de precipitação e tempo severo no finalzinho da semana. Essa chuva só deve perder intensidade e se dissipar durante o final de semana, quando a frente fria for embora com o deslocamento do centro de baixa pressão atmosférica.

O final de semana ainda pode ser marcado por algumas pancadas de chuva entre o centro gaúcho e o sul paranaense, mas com menor intensidade, o que será crucial para os trabalhos de recuperação das cidades e a busca por desaparecidos, mas a trégua não será muito duradoura.

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Tendência de nova frente fria se formando no início da semana que vem mantém Sul do Brasil em alerta para mais chuvas intensas.

Na próxima segunda-feira (06) existe a tendência de formação de mais uma frente fria que deve avançar lentamente no decorrer da semana que vem pela região Sul. São esperados de novo altos acumulados de precipitação e tempo severo, especialmente sobre o Rio Grande do Sul que mal terá se recuperado.

Até quando vão as chuvas e por que chove tanto?

Um questionamento que fica é o porquê de tanta chuva concentrada de novo sobre partes da região Sul do país, como aconteceu no final do ano passado quando o El Niño atingiu o pico de sua intensidade. O fenômeno agora está bem fraco, em seus últimos respiros antes de dar espaço a chegada do La Niña, então por que ainda está chovendo muito?

Apesar do enfraquecimento das anomalias de TSM no Pacífico Equatorial, outras teleconexões ditam esse clima adverso com muita chuva concentrada nos extremos do país. No momento, a Oscilação Antártica (AAO) em fase negativa e também a Oscilação Madden Julian (MJO) nas fases 3-4 estão sendo as grandes responsáveis por essa chuva mais frequente e mais intensa sobre o Sul do Brasil.

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Madden-Julian em fase 3-4 favorece a concentração de chuvas mais frequentes e intensas no Sul do país. Padrão só vai mudar no final de maio. Fonte: DaculaWeather

Esse padrão só deve se inverter na reta final de maio, a partir do dia 20, o que significa que até lá ainda existe possibilidade de novos eventos de precipitação no Sul do Brasil e um centro-norte mais seco. Apenas nos últimos dias de maio é que a chuva tende a chegar até o Sudeste e Centro-Oeste.