122 mortos: sobe número de vítimas dos incêndios florestais que devastaram o Chile. Há riscos para o Brasil?
O número de mortos devido aos incêndios florestais no Chile já chegou a 122, veja o que se sabe até o momento e quais os riscos para a região Sul do Brasil devido ao calor.
Incêndios florestais têm devastado a região turística costeira no centro do Chile, desde o comecinho do mês de fevereiro. Os incêndios ganharam força na sexta-feira (02) e avançaram rapidamente pelos arredores de Viña del Mar e Valparaíso, duas cidades muito procuradas pelos turistas de vários lugares do mundo.
O número atual de mortos chegou a 122, mas pode aumentar nos próximos dias à medida que os bombeiros combatem os cerca de 40 focos de fogo. Tem muita fumaça tóxica, muito calor e muita fuligem. Segundo as autoridades locais, centenas de pessoas ainda estão desaparecidas, ou seja, o número de mortos pode alavancar uma tragédia de grande magnitude e sem precedentes.
Foi decretado obrigatoriedade no toque de recolher nas áreas mais afetadas de Viña del Mar, Limache, Quilpué e Villa Alemana. As autoridades chilenas enviaram cerca de 1.300 militares para ajudar os 1.400 bombeiros para conter os focos e evitar a propagação do fogo para outras áreas. O presidente chileno comentou sobre a importância de obedecer o recolher obrigatório para liberar as estradas e facilitar a passagem dos veículos de emergência.
Estado de emergência e luto no Chile
É fato que incêndios florestais vêm se tornando cada vez mais comuns nesta época do ano que é bem quente no Hemisfério Sul, porém, outros agravantes como falta de chuva e o El Niño aumentando as ondas de calor, isso sem falar claro, das mudanças climáticas e o aquecimento do planeta, tornam a situação mais crítica e desesperadora.
Esses recentes incêndios já se tornaram a pior catástrofe com maior letalidade no Chile desde o terremoto com magnitude de 8.8 seguido por um tsunami em 27 de fevereiro de 2010, que deixou cerca de 500 pessoas mortas.
Já são vários dias consecutivos com temperaturas na casa dos 40°C, inclusive na capital Santiago, o que levou o Ministério da Saúde lançar um alerta sanitário em Valparaíso. Por conta da intensa onda de calor e suas consequências, o governo autorizou a suspensão de cirurgias não urgentes para que hospitais de campanha fossem criados para atender os atingidos pelos incêndios.
Segundo o Ministério da Habitação, o número de casas afetadas pelos incêndios varia entre 3 mil e 6 mil. Recentemente, em 2023, houve uma onda de calor recorde que deixou 27 pessoas mortas e mais de 400 mil hectares de terra queimados.
O Itamaraty afirmou que o governo brasileiro está monitorando de perto a situação por meio do consulado em Santiago, e que está preparado para prestar toda a ajuda necessária aos brasileiros que eventualmente estavam no Chile e foram afetados pelos impactos dos incêndios. Ainda tem desaparecidos em meio aos escombros, mas não há informação se há brasileiros entre as vítimas fatais até o momento.
O Sul do Brasil corre riscos?
Com a intensa onda de calor gerando temperaturas acima dos 43°C na Argentina, no Paraguai e principalmente os incêndios no Chile, o Sul do Brasil corre riscos? É notório o aumento das temperaturas nesses últimos dias na região Sul, que junto à redução expressiva das chuvas, levanta a preocupação para riscos de incêndios, principalmente no Rio Grande do Sul.
A chuva diminuiu consideravelmente nos últimos dias no Sul do Brasil mesmo ainda com a atuação do fenômeno El Niño que está perdendo intensidade e caminhando rumo a uma neutralidade, mas que só deve ser alcançada no outono, ou seja, a chuva pode e deve retornar de maneira expressiva na região ainda neste mês de fevereiro.
Enquanto isso não acontece, é preciso o monitoramento de possíveis focos de incêndio que possam aparecer ao longo desta semana devido às altas temperaturas geradas pela aproximação da onda de calor na Argentina. A boa notícia é que por enquanto, o risco é considerado fraco e moderado sobre o Rio Grande do Sul, pois mesmo com dias consecutivos de sol e calor nesta semana, a umidade do solo e da vegetação ainda é considerada alta na maior parte do estado, o que diminui o potencial de fogo.
Ainda que a umidade do solo esteja elevada em boa parte do Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e na maior parte do Paraná, sempre existem áreas que precisam ser monitoradas mais de perto. Neste caso, o sul gaúcho e o noroeste paranaense, tem apresentado menores índices de disponibilidade hídrica e como não há previsão de chuva para os próximos dias, são áreas que precisam ser monitoradas devido ao aumento do calor.
Até o final desta semana, a previsão é de pouca chuva e muito calor nos três estados da região Sul, e isso só tende a mudar no final de semana com a formação de um ciclone que dará origem a uma nova frente fria. Apenas esse sistema é que será capaz de mudar o tempo na região, gerar chuva e depois derrubar as temperaturas, gerando um alívio quanto ao calor excessivo de quase 40 graus em várias cidades como Uruguaiana e São Borja.