2020 é oficialmente um ano de La Niña
Agora o início da La Niña 2020 é oficial e foi confirmado pelos principais centros de monitoramento climático do mundo! As previsões indicam que a La Niña permanecerá entre nós até pelo menos o início de 2021.

Agora é oficial, finalmente temos estabelecido um evento de La Niña no Oceano Pacífico Equatorial! A confirmação veio dos principais centros internacionais de pesquisas climáticas, Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, sigla em inglês) e a agência australiana Bureau de Meteorologia (BOM, sigla em inglês) que afirmaram que a La Niña, fase negativa do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS), já está configurado!
Até umas semanas atrás ambas agências não estavam em plena concordância sobre o estabelecimento do evento. Enquanto a NOAA tinha confirmado o surgimento da La Niña no mês passado, a BOM continuava em estado de alerta para sua possível formação, sem confirmar seu estabelecimento por não estar observando todos os indícios característicos do fenômeno no oceano e atmosfera da região do Pacífico Equatorial.
.@BOM_au and @NOAA both confirm that #LaNiña has formed in the tropical Pacific, with climate models suggesting it's likely to remain until at least the end of 2020. https://t.co/LspRL8ZK9L
— World Meteorological Organization (@WMO) September 29, 2020
and https://t.co/mz0Z65zjdH pic.twitter.com/Y40dDnkLEc
A mudança de status da BOM ocorreu após um forte resfriamento das Temperaturas da Superfície do Mar (TSM) no Oceano Pacífico Tropical Leste e Central, com anomalias chegando a -1°C. Além disso, a BOM também destacou que os sinais de resposta da atmosfera a esse resfriamento agora estão mais claros e evidentes, com o fortalecimento dos ventos alísios e as alterações da convecção e nebulosidade equatorial.
Latest model plume made with @NWSCPC, compared to last month. Strong favoring of #LaNiña into winter. #IRIforecast pic.twitter.com/T0Hi80qHAC
— IRI (@climatesociety) September 17, 2020
Grande parte dos modelos climáticos dos centros internacionais estão indicando que este evento de La Niña deverá durar até pelo menos o início de 2021. Em relação a intensidade das anomalias de TSM, ou seja, a intensidade do evento em si, a maioria dos modelos indicam que as anomalias ficarão entre -0.5 a -1°C, com talvez um resfriamento mais intenso (não passando de -1.5°C) entre outubro e dezembro, o que classificaria esse La Niña como um evento de intensidade fraca ou moderada.
O que é o La Niña?
O ENOS apresenta duas fases distintas, o El Niño e a La Niña. Enquanto o El Niño é caracterizado por um aquecimento anômalo das TSMs, a La Niña apresenta uma configuração oposta, um resfriamento anômalo das TSMs no Pacífico Equatorial.
No El Niño observamos um enfraquecimento da célula de circulação atmosférica zonal da região tropical, a Célula de Walker, com o deslocamento do centro de convecção tropical para o meio do Oceano Pacífico, já no La Niña temos um fortalecimento dessa circulação. Ou seja, durante a La Niña temos uma intensificação do padrão de circulação normal
Finalmente as respostas de todas as perguntas são "Sim"! Temos um Pacífico Tropical bem frio, as previsões indicam que isso vai durar pelos próximos meses e a atmosfera já está respondendo a essas anomalias!
— Paola Bueno (@PaolaGBueno) September 30, 2020
Logo, temos uma #LaNiña ativa!! pic.twitter.com/xggqxTV5J6
Quando isso ocorre, temos um fortalecimento da convecção tropical sobre a chamada piscina quente do Pacífico Tropical Oeste (região da Indonésia) e uma intensificação dos movimentos subsidentes compensatórios no Pacífico Central e Leste, além de uma intensificação dos ventos de leste, os chamados ventos alísios, no Pacífico Tropical.
Os impactos globais da La Niña
Assim como o El Niño, a La Niña também gera impactos no globo inteiro. Na Austrália ela costuma gerar chuvas acima da média em partes do país na primavera e verão austral, além de aumentar a atividade de ciclones tropicais. Na Indonésia observa-se mais chuva que a média, um tempo mais frio e úmido no sul da África, tempo mais seco no sudeste da China e mais frio sobre o Japão.
A La Niña também acaba favorecendo o desenvolvimento e intensificação dos furacões no Atlântico Norte. Além disso, nos Estados Unidos o fenômeno contribui para um inverno mais quente e seco no sul do país e mais frio no norte, incluindo o Alasca.
Os impactos da La Niña no Brasil são mais evidentes na primavera e início do verão, quando geralmente temos uma diminuição das chuvas na região Sul e chuvas acima da média no extremo norte do Brasil, além de contribuir para temperaturas mais amenas sobre o Sudeste e parte do Brasil Central.