40% dos brasileiros acreditam que o bairro onde vivem não está preparado para eventos extremos
89% disseram que sua cidade passou por calor extremo e 30% por seca extrema nas últimas semanas. Além de acreditarem que o bairro onde vivem não está preparado para o clima extremo, seja calor intenso ou tempestades
A maioria dos brasileiros conviveu nos últimos meses com ondas de calor extrema e chuvas intensas com tempestades em suas cidades. A pesquisa realizada pelo Datafolha divulgada no último domingo (17), tratou dos impactos observados e da percepção do brasileiro sobre as mudanças do clima causadas pelas atividades humanas.
População não possui casa preparada para calor intenso e tempestades
O levantamento foi realizado presencialmente, com 2,004 pessoas de 16 ou mais em 135 municípios pelo Brasil, no dia 5 de dezembro. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, com taxa de confiança de 95%.
Além disso, apenas 22% dos brasileiros possuem a casa preparada para situações de calor intenso, contra 45 % que tem a casa um pouco preparada para esta ocasião. E entre os mais pobres, com renda familiar de até 2 salários, 39% dizem morar em casa nada preparadas para o calor extremo, índice que cai para 25% na parcela com renda de 2 a 5 salários, para 17% na faixa de 5 a 10 salários, e para 10% entre os mais ricos, com renda superior a 10 salários.
Se a população não tem preparo para situações de calor extremo, tampouco tem para chuvas intensas ou tempestades, pois 41% declarou que moram em uma casa pouco preparada para enfrentar chuvas e para enfrentar chuvas e tempestades.
Ao mesmo tempo que quase a totalidade dos brasileiros sentiu que sua cidade passou por alguma situação climática extrema nas últimas semanas, 40% da população acredita que o bairro onde vivem não está preparado para esses eventos. A pesquisa levou em consideração enchente ou alagamento, situação de seca extrema, calor extremo e chuva intensa ou tempestade.
Brasileiros acreditam na influência da atividade humana sob o aquecimento global
A pesquisa também procurou ouvir as opiniões e experiências dos integrantes desses grupos a respeito das mudanças climáticas. O resultado mostrou que os mais vulneráveis tendem a acreditar menos na contribuição humana para o aquecimento global e estiveram menos sujeitos, ao menos nas últimas semanas, a alguns dos eventos climáticos extremos para os quais se sentem menos preparados para enfrentar.
Cerca de 78% dos brasileiros acreditam que a atividade humana contribui muito para o aquecimento global, sendo que 54% avaliam que contribuem muito, e para 25% contribuem um pouco. Por outro lado, 17% não veem contribuição da atividade humana para o aquecimento global.
Ampla maioria dos brasileiros (94%) passaram por alguma situação extrema, 50% para chuva intensa ou tempestade, 31% para enchente ou alagamento e 30% para situação de seca extrema.
Durante o ano noticiamos as consequências dos eventos extremos de chuva, principalmente na região Sul e Sudeste. Segundo a pesquisa, 3 em cada 10 brasileiros dizem que a cidade onde moram passou por algum alagamento ou enchente nas últimas semanas, com taxa acima da média no Sul (53%) e no Sudeste (40%), e abaixo da média no Nordeste (8%)
2023: um ano atípico no cenário brasileiro
O ano de 2023 foi marcado por temperaturas especialmente elevadas pelo fenómeno de El Niño e pela crise climática, além de eventos extremos em todo o país. Só neste ano, o Brasil passou por nove ondas de calor. Além do que, este já é considerado o ano mais quente da história, como noticiamos aqui na Meteored Brasil.
Nos primeiros meses do ano, tivemos tempestades intensas no litoral de São Paulo, causando deslizamentos e mortes. Já no segundo semestre, o Amazonas sofreu com uma forte seca que levou rios aos níveis mais baixos da história, prejudicando o abastecimento de alimentos e medicamentos. Em paralelo a isto, observamos os altos acumulados de chuvas no Rio Grande do Sul por semanas.
Entender a vulnerabilidade às mudanças do clima é importante para compreender melhor os lugares em que a população está exposta, seja devido a chuvas extremas ou seca severas. Assim, o poder público poderá direcionar melhor as ações e programas para prevenir e mitigar os impactos extremos das mudanças climáticas.
Referência da notícia
Instituto de Pesquisa Datafolha. Pesquisa Nacional do Clima. Disponivel em: <https://media.folha.uol.com.br/datafolha/2023/12/18/f3ud7ldvlpe1adw1u9bawiphpn-wgwtai6bv-sjbd83w-qbjmgl0cwom7gdbot8x.pdf> Acesso em: 19 Dez 2023.