A biodiversidade do solo está ameaçada! Adverte novo relatório da FAO
Os solos são a fonte de toda a vida na Terra, mas seu futuro parece “sombrio” se não houver medidas para interromper a degradação, de acordo com os autores do novo relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Há uma crescente atenção sobre a importância da biodiversidade para a segurança alimentar e nutricional, especialmente a que está acima do solo, como plantas e animais. Um quarto de todas as espécies de animais do planeta vive sob o solo, que também fornece os nutrientes para todos os alimentos.
No entanto, o primeiro relatório sobre o estado global da biodiversidade nos solos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), descreve o agravamento do estado dos solos e a destruição do mundo natural acima deles.
O relatório compilado por 300 cientistas de todo o mundo, ainda relata que o estado de degradação dos solos é tão importante quanto a crise climática. Pois, os solos levam milhares de anos para se formarem, o que significa que é necessária uma proteção e restauração urgente dos que restam.
Os cientistas descrevem os solos como a pele do mundo, vital, mas delgada e frágil, facilmente danificada pela agricultura intensiva, destruição de florestas, poluição e pelo aquecimento global.
Segundo o principal autor do relatório, Richard Bardgett, professor da Universidade de Manchester, há um vasto reservatório de biodiversidade vivendo no solo que está fora de vista e fora de atenção, devido a dependência humana do solo para produzir alimentos.
Porém, agora há evidências bastante fortes de que uma grande proporção da superfície da Terra foi degradada como resultado das atividades humanas, disse Bardgett. Ainda ressaltou que se as coisas continuarem como estão as perspectivas são sombrias, mas acha que não é tarde para introduzir medidas preventivas.
Em 2014, Maria-Helena Semedo, da FAO, disse que se o índice de degradação continuar, toda a camada superficial do solo pode ser destruída em 60 anos. Os cientistas ressaltaram então que, a ação mais importante é proteger os solos saudáveis existentes de danos, enquanto os solos degradados podem ser restaurados com o cultivo de uma variedade de plantas.
Principais causas de danos aos solos
A agricultura intensiva é uma das principais causas de degradação do solo, com uso excessivo de fertilizantes, pesticidas e antibióticos, matando os organismos do solo e deixando-o sujeito à erosão. De acordo com o professor e vencedor do Prêmio Mundial de Alimentos de 2020, Rattan Lal, desde a Revolução Industrial, cerca de 135 bilhões de toneladas de solo foram perdidas em terras agrícolas.
Outro autor principal do relatório, Nico Eisenhauer, da Universidade de Leipzig, acredita que tornar os solos saudáveis novamente depende muito do que comemos. O autor questiona se é preciso mesmo comer quantidades enormes de carne mais barata e se podemos confiar mais nas calorias de origem vegetal.
Pois, mais de 80% das terras agrícolas do mundo são usadas para criar e alimentar gado e outros animais, mas fornecem apenas 18% de todas as calorias consumidas.
A destruição de florestas e habitats naturais para criar terras agrícolas também degrada o solo, que ficam mais suscetíveis aos processos de erosão e em uma escala ampliada podem chegar à desertificação. Um outro fator é o aumento das temperaturas globais, com o aumento de secas e incêndios florestais, mas ainda há incertezas sobre como todos os diferentes fatores interagem.
Embora ainda haja muito a ser descoberto sobre a biodiversidade do solo e como ajudá-la a prosperar, os cientistas acreditam que sensibilizar é um primeiro passo crítico, trazendo mais solo para as discussões públicas e políticas.