A corrida contra o tempo pelo clima
Temos 18 meses para definir o futuro do clima do planeta? O que isso significa? Vivemos atualmente um período de emergência climática e, apesar de não podermos "curar" o planeta nos próximos anos, com planejamento e comprometimento poderemos minimizar as perdas.
Nos últimos anos tem se tornado mais frequente as notícias relacionadas às mudanças climáticas. Recordes de temperatura são quebrados, aumento das taxas de derretimento nos polos e desastres ambientais sem precedentes tem sido reportados com mais frequências. Segundo cientistas e autoridades pelo mundo, estamos em uma corrida contra o tempo para manter as mudanças climáticas em níveis compatíveis com a sobrevivência humana.
O que está correndo por aí é a notícia de que teríamos apenas 18 meses para definir o futuro do clima do planeta. Já sabemos que nas condições atuais de emissão de gases do efeito estufa, se hoje milagrosamente zerássemos as emissões, a temperatura do planeta continuaria subindo por alguns anos. Então, o que podemos fazer em 18 meses?
Bom, temos "18 meses" até o final de 2020, que marca o "fim" do Acordo de Paris (2015). Este prazo é decisivo para uma avaliação das metas passadas e a definição de ações políticas efetivas para os cortes nas emissões de carbono no próximos anos. "A matemática do clima é brutalmente clara: embora o mundo não possa ser curado nos próximos anos, pode ser fatalmente ferido por negligência até 2020", disse Hans Joachim Schellnhuber, do Instituto Potsdam de Pesquisas sobre o Impacto Climático (Holanda), para a BBC.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterrez, pede aos países ações para redução das emissões em 45% até 2030, o que, segundo o relatório do IPCC, é o mínimo para mantermos o aumento da temperatura média global de 1,5º até o fim do século - o que seria ainda considerado um "aumento seguro" para nossa sobrevivência. Os planos atuais não são suficientes para manter as o aumento abaixo desse valor e estamos nos encaminhando para 3ºC de aquecimento até 2100. É por isso que é urgente o planejamento e comprometimento dos países até o final de 2020.
A política para além da ciência
O “desajuste climático acontece agora e para todos”, disse Guterres no último domingo em Abu Dhabi. O secretário-geral convocou para setembro a Cúpula para Ação Climática, que acontecerá em Nova Iorque, para que os países participantes levem propostas de melhorias em seus planos nacionais de corte de emissões. Guterrez apoia o desenvolvimento de energias renováveis e o fim do subsídio aos combustíveis fósseis. Segundo ele, “o dinheiro dos contribuintes não deve ser usado para aumentar os furacões, espalhar as secas e as ondas de calor e derreter os glaciais”.
A maior barreira das políticas climáticas são ações de governos que, convenientemente, negam o aquecimento global. No final do ano passado, os EUA, a Arábia Saudita, o Kuwait e a Rússia bloquearam o relatório especial do IPCC sobre a limite seguro de 1,5ºC até o final do século. A restrição do uso de trabalhos científicos nos planos desses governos são uma jogada política em prol de um desenvolvimento econômico inconsequente.