Mudanças climáticas e a crise dos recifes de corais

Entenda como as mudanças climáticas e a poluição estão ameaçando este complexo e importante ecossistema marinho.

O recife de coral é considerado o ecossistema marinho com maior biodiversidade.

Os recifes são formados a partir de carbonato de cálcio eliminado por organismos marinhos, como corais, algas e moluscos. Os corais são animais, que utilizam o carbonato disponível na água do mar para construir uma estrutura dura ao redor de seu corpo. Os corais e as algas dos recifes provem alimento e abrigo para inúmeras espécies, o que faz o recife de coral ser considerado o ecossistema marinho com maior biodiversidade.

Esse ecossistema é importante para atividades relacionadas a pesca e turismo além de servir como barreira física, protegendo a zona costeira de desastres naturais. Regiões costeira que possuem recifes estão mais protegidas da ação de ondas, erosão, ação de tempestades e alagamentos. Ao longo dos últimos anos este ecossistema tem sofrido severos danos causados principalmente por poluição e pelas mudanças climáticas.

Quais são os principais problemas?

Nos recifes, corais e algas vivem em equilíbrio, dando suporte ao ecossistema ao seu redor. Quando esses organismos são submetidos a algum tipo de estresse, o coral tende a expulsar as algas que vivem em seu tecido, ficando branco. Esse processo não mata os corais, mas os deixam mais suscetíveis. O branqueamento de corais está mais associado ao aquecimento da água do mar devido às mudanças climáticas, porém, sabe-se que a poluição e as quedas bruscas de temperatura também causam desequilíbrio à esse ecossistema.

O branqueamento de corais ocorre principalmente pelo aquecimento das água do mar. Crédito: The Ocean Agency/XL Catlin Seaview Survey

A acidificação dos oceanos, causada pelo aumento da absorção de dióxido de carbono da atmosfera, também ameaça a existência dos recifes de corais. O carbonato de cálcio, que serve como sustentação para os corais e algas, se dissolve em água mais ácida. Um estudo publicado pela Science, em fevereiro deste ano, mostra que em 30 anos, a quantidade de carbonato produzida pelos corais e algas não será suficiente para repor a quantidade dissolvida pela maior acidez da água.

A poluição também causa severos danos a esse ecossistema, uma vez que o descarte de esgoto e a degradação de outros resíduos altera o equilíbrio químico da água necessário para a sobrevivência dos corais e algas. Além disso, um trabalho publicado na Science, em janeiro deste ano, mostrou que resíduos plásticos presos nos recifes causam danos aos tecidos de corais, os tornando suscetíveis a doenças e, por vezes, bloqueiam a entrada de luz solar.

Os recifes de corais são importantes para atividades de pesca, turismo e proteção da zona costeira.

Existe solução?

Existem muitos programas de monitoramento e conservação de recifes de corais ao redor do mundo. Com o objetivo de atrair atenção e investimento para as pesquisas e preservação 2018 foi declarado o 3º Ano Internacional dos Recifes. Problemas associados às mudanças climáticas como o aquecimento e acidificação dos oceanos são mais difíceis de serem resolvidos, porém muitas iniciativas estão sendo tomadas na tentativa de proteger e restaurar esse ecossistema.

A restauração de corais está sendo amplamente aplicada por instituições públicas e privadas em várias localidades. Nesse processo, os corais crescem em "berçários" com condições ótimas para seu desenvolvimento e depois são transplantados em recifes danificados. Este processo tem trazido benefícios para a recuperação do ecossistema a curto prazo, porém, não é suficiente para trazer de volta o equilíbrio necessário para seu desenvolvimento natural.