A estrela que sobreviveu? Estrela antiga que parece ser mais nova intriga astrônomos
Astrônomos brasileiros acreditam que estrela sobreviveu e por isso acabou tendo uma aparência mais jovem do que realmente é
Quando observamos as estrelas no céu, elas parecem ser apenas pontinhos amarelos ou brancos com brilho que variam. É difícil perceber que estrelas, na verdade, tem fases e períodos de vida que são intriga astrônomos. Elas passam por diferentes estágios desde o momento que nascem até o momento que chegam ao final da vida se tornando um remanescente estelar.
Para compreender em qual estágio a estrela está, é necessário saber qual a idade da estrela. Há diferentes técnicas que astrônomos usam com esse intuito, um deles é o famoso diagrama Hertzsprung-Russell que estima o estágio evolutivo a partir da temperatura e brilho. Outra forma de saber a idade de uma estrela é analisando sua composição química e a luminosidade dela através de dados de telescópios.
Um grupo de astrônomos da Universidade de São Paulo (USP) no Brasil publicaram um artigo que tem chamado atenção. Eles encontraram uma estrela que tem uma aparência muito mais jovem do que realmente é. Com base na temperatura e brilho, a estrela parece ser uma jovem estrela azul mas observando a dinâmica dela, astrônomos perceberam que ela não é tão jovem quanto parece ser e pode ser uma sobrevivente estelar.
Como medir a idade de uma estrela?
A vida de uma estrela pode durar de milhões até bilhões de anos dependendo da sua massa. Cada estágio de uma estrela pode ser estimado ao calcular a temperatura e o brilho de estrelas através de um diagramado chamado Hertzsprung-Russell ou HR. O diagrama pode dar uma noção de quantos anos a estrela tem, principalmente ao comparar com outras estrelas da mesma região do diagrama.
Analisar a composição química de uma estrela também é uma forma de estimar a idade. Estrelas mais jovens possuem mais elementos leves enquanto as mais velhas possuem elementos pesados que foram sendo formados ao longo de sua vida. É possível estimar a composição química através da espectroscopia onde a luz obtida fornece informações sobre quais elementos estão presentes.
Outras informações como o movimento da estrela em comparação com as outras e onde a estrela está localizada também ajudam astrônomos a calcular a idade da estrela. Estudar aglomerados estelares é uma forma de conseguir estimar e catalogar uma grande quantidade de estrelas no diagrama. Geralmente, astrônomos utilizam diferentes técnicas para comparar.
Evolução estelar
A vida de uma estrela começa quando uma nuvem de gás e poeira, que são chamadas de nebulosas, sofrem colapso gravitacional em algumas regiões. Esse processo forma uma protoestrela e conforme a massa e temperatura aumentam, a fusão nuclear se inicia ao transformar hidrogênio e hélio. Essa etapa faz a estrela brilha e ela entra no estágio chamado de sequência principal.
Ao final da sequência principal, quando o hidrogênio se esgotou, elas entram em outros estágios evolutivos. Um deles envolvem a expansão da estrela até forma gigantes vermelhas. Ao final de sua vida, uma estrela se torna uma remanescente que depende da sua massa final. Estrelas como Sol se tornarão anãs brancas enquanto estrelas mais massivas se tornam estrelas de nêutrons ou buracos negros.
A estrela velha que parece nova
Um novo artigo de um grupo de astrônomos da Universidade de São Paulo analisou a estrela conhecida como HD 65907. Segundo os astrônomos que analisaram a estrela, ela parece aparenta ter cerca de 5 bilhões de anos. Além disso, a estrela possui uma quantidade baixa de metais e tem uma trajetória diferente das outras em seu ambiente. Isso sugere que ela não foi formada junto com as outras.
A estrela HD 65907 pode ser uma estrela que é chamada de blue straggler. As blue stragglers são estrelas que são mais azuis e mais luminosas do que deveriam ser. Uma das características de blue straggler é que elas parecem estar numa região do diagrama HR que outras estrelas não chegariam. Elas deveriam já estar caminhando para o processo de gigante vermelha.
Ressuscitou ou rejuvenesceu?
Uma das ideia é que a HD 65907 pode ter se alimentado de uma estrela companheira em sua juventude que atrasou o processo de envelhecimento. A ideia é que duas estrelas podem se colidir e formar uma estrela nova que possui um tamanho e massa maior. Após a colisão, a estrela entra em um estado onde sua temperatura e luminosidade são semelhantes a de uma estrela jovem.
Além disso, a colisão e o processo que ela passou pode ter isolado ela de estrelas companheiras e por isso ela está em uma região com estrelas diferentes. A HD 65907 abre uma porta para compreender como a evolução de estrelas pode ser muito mais complexa do que parece ser.
Referência da notícia
Rathsam et al. Beryllium: The smoking gun of a rejuvenated star arXiv