A guerra da Rússia e Ucrânia emitiu 175 milhões de toneladas de dióxido de carbono em dois anos, afirma relatório
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia gerou 175 milhões de toneladas de CO2 em pouco mais de 2 anos. A reconstrução e o uso do material bélico são os maiores emissores.
Em pouco mais de dois anos de guerra entre a Rússia e a Ucrânia, foram gerados pelo menos 175 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente, superior às emissões anuais de gases de efeito estufa geradas individualmente por 175 países. Um novo relatório procurou contabilizar os pagamentos pelos danos climáticos.
Estima-se um prejuízo de 32 bilhões de dólares
Os 175 milhões de toneladas incluem dióxido de carbono, óxido nitroso e hexafluoreto de enxofre, o mais potente de todos os gases de efeito estufa (GEE). Tal valor representa cerca de 32 bilhões de dólares em danos.
O cálculo desse prejuízo utiliza o valor do custo social do carbono para estimar os custos econômicos das emissões de GEE, e foi realizado pela iniciativa sobre a contabilização dos desses gases da guerra (do inglês Initiative on GHG accounting of war).
Um terço das emissões de guerra provém diretamente da atividade militar, associado ao combustível utilizado pelas tropas russas que utilizaram em torno de 35 milhões de toneladas de CO2 equivalente. Outras fontes incluem a fabricação de explosivos e munições, além do uso de combustíveis para realizar a entrega do equipamento militar.
Outro terço é atribuído às enormes quantidades de aço e betão que são necessárias para reconstruir as escolas, casas e indústrias destruídas. E o último terço foi gerado por incêndios, mudanças de rotas de aviões comerciais, ataques a infraestrutura energéticas e, pela deslocação de quase 7 milhões de ucranianos e russos.
Porém, os governos têm contabilizado mal o custo climático da guerra e do complexo industrial militar, ou seja, os dados oficiais são extremamente irregulares ou inexistentes devido ao sigilo militar. A resolução de 2022 da ONU recomendou que os países membros criassem um registro internacional para documentar os danos climáticos resultantes da guerra.
Combustível de aviação intensifica as emissões de GEE
O consumo de combustível de aviação disparou à medida que as companhias aéreas europeias e americanas foram banidas do espaço aéreo russo. Ou seja, as milhas extras geraram pelo menos 24 milhões de toneladas de CO2 equivalente.
A invasão da Ucrânia pela Rússia desencadeou um aumento nos gastos militares, principalmente na Europa, aumentando a procura de explosivos, aço e outras matérias primas que resultaram no aumento da emissão de GEE.
Por exemplo, a destruição dos gasodutos Nord Stream 2 gerou cerca de 14 milhões de toneladas de CO2 equivalente, e em torno de 1 milhão tenha vazado devido aos ataques russos às instalações da rede de alta tensão da Ucrânia. Outro vilão da atmosfera é o SF6 ( hexafluoreto de enxofre), que é muito utilizado para isolar painéis elétricos e possui quase 23 mil vezes mais potencial de aquecimento do que o dióxido de carbono.
Por fim, o relatório afirma que a Rússia pode ser responsabilizada por essas emissões e pelos danos resultantes para o clima, não só da Europa, mas globalmente, uma vez que, sem a iniciativa do país, essas emissões não teriam acontecido.
Os danos climáticos não se restringem apenas à Ucrânia, as emissões de gases de efeito estufa impactam o planeta inteiro quando liberadas na atmosfera.