A previsão do tempo sempre erra ou você tem ansiedade climática? Entenda o que milhares de apps e clima instável causam

Certamente você já falou ou já ouviu falar a famosa frase que tira o sono dos meteorologistas: a previsão do tempo sempre erra. Por trás desse estresse tem muita explicação, entenda mais aqui.

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Milhares de aplicativos geram dúvidas com a previsão do tempo. Qual app é mais confiável?

Existem pessoas que adoram acompanhar a previsão do tempo, seja por robby, por curiosidade ou para administrar as tarefas diárias. Existem pessoas também no mundo corporativo que precisam acompanhar as tendências do tempo e do clima para projetar modelos com outra saída, seja na agricultura, na energia, na aviação e muitos outros setores que são influenciados pela atmosfera.

O que essas pessoas têm em comum? A famosa frase: a previsão do tempo sempre erra. Bom, mas será que os meteorologistas de fato estão falhando ou você que está sofrendo de ansiedade climática? A falha do previsor pode acontecer, é claro, mas o que tem chamado a atenção é a gama de ferramentas simultâneas que são utilizadas e comparadas para saber se um evento extremo está próximo ou não, e a prática de acompanhamento dos modelos de tempo e clima pode piorar a ansiedade daqueles que não têm o preparo correto para a interpretação das informações.

O ser humano por si só tem ficado cada vez mais ansioso sobre um futuro incerto em cima das mudanças climáticas e de como o planeta vai responder nos próximos anos ao aquecimento global, aos incêndios, aos desmatamentos e tudo que envolve um futuro não próspero.

Eventos extremos surgem com mais freqüência e sem aviso algum, incêndios de largas proporções, temperaturas recordes, ondas de frio e de calor sem precedentes, chuvas torrenciais, ciclones, furacões e muitos outros sistemas e fenômenos que podem deixar estragos. Na sede por informação, começa a procura pela previsão do tempo seja lá onde for, e que muitas vezes chega de maneira duvidosa ou sensacionalista, aí é que começa o erro.

Ansiedade climática

Assim como muitas outras atividades em que existe fácil acesso na internet, na televisão, no computador e no próprio celular, a previsão do tempo pode ser acessada rapidamente por qualquer pessoa, independente do lugar que estiver. Existem muitos aplicativos que fornecem a previsão do tempo de forma gratuita e também em versão beta, porém, o não preparo para o entendimento das informações, pode gerar uma grande confusão e até mesmo uma certa ansiedade climática.

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Esperar um evento chegar ou passar pode gerar ansiedade climática se acompanhado a todo momento.

Tudo que acontece em excesso é ruim e acompanhar a previsão do tempo a todo momento para saber o que está acontecendo agora e principalmente o que vai acontecer no futuro, pode ser prejudicial. Afinal, se o previsor disser na TV que vai chover em uma cidade X e um morador dessa cidade abrir a previsão do tempo em seu celular e o app mostrar outra condição, em quem ele deve acreditar? Se a chuva não cair na cabeça dele e cair apenas do outro lado da cidade, o previsor errou? Se a chuva acontecer sem o app ter apontado esta condição, a pessoa deve mudar para outro sistema de informação mais confiável?

Falar de tempo e clima pode ser algo bastante abstrato, intuitivo ou desafiador, depende de quem está fazendo a análise e depende de quem está recebendo a informação. Afinal, a atmosfera muda a todo momento.

Segundo Jess Green, uma moradora da cidade de Liverpool na Inglaterra, a ansiedade climática existe e ela se considera uma das vítimas. Green relata que durante a onda de calor sem precedentes que atingiu o Reino Unido no verão do ano passado, acompanhava a previsão do tempo de hora em hora pra ver a temperatura subindo em seu app meteorológico. Ficava preocupada com a elevação das temperaturas o tempo todo, e mesmo quando a notícia era boa ainda ficava uma apreensão, como por exemplo, se não fosse um recorde diário de temperatura em Liverpool, já ficava se perguntando e pesquisando a temperatura em outras cidades próximas.

Assim como Jess, muitas outras pessoas passaram a acompanhar a previsão do tempo com maior freqüência desde que os eventos extremos se tornaram mais recorrentes e mais intensos. Pessoas que antes não se preocupavam com o clima, agora acompanham diversos app de meteorologia.

Afinal, a previsão do tempo sempre erra?

Você sabia que nos Estados Unidos, 50% dos usuários de smartphones usam regularmente app com informações meteorológicas? De acordo com Statista, esses app podem gerar cerca de U$ 1,5 bilhão em 2023, um aumento gigantesco comparado ao ano de 2017 em que a meteorologia movimentava em torno de U$ 530 milhões em receita com aplicativos. Atualmente são mais de 10 mil app com a palavra chave “clima” no título disponíveis.

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Acompanhar a previsão do tempo se tornou um bom hábito ou vício perigoso?

Apesar de parecer algo positivo essa sede por conhecimento meteorológico, essa curiosidade e procura por informações do tempo e do clima, a popularidade dos app se tornou tão grande que chegou ao ponto de gerar confusões, discussões sobre qual a melhor ferramenta, qual a mais confiável e se a previsão do tempo é de fato assertiva. Essa chuva de app de fácil acesso acabou gerando uma desconfiança com a meteorologia.

Porém, segundo Eric Floehr, CEO e fundador da ForecastWatch, empresa que analisa a precisão das previsões meteorológicas, as previsões estão cada vez mais precisas e atualizadas com maior freqüência, o que torna as informações mais relevantes e fazem com que as pessoas queiram acompanhar como nunca.

As pessoas estão mais sincronizadas com o que está acontecendo com o planeta, vendo que o clima está se tornando mais extremo. O bom seria se isso resultasse em ação, mas por enquanto, está gerando estresse e desconfiança.

Segundo a psiquiatra Anna Lembke que é autora do livro “Nação Dopamina: Por que o excesso de prazer está nos deixando infelizes e o que podemos fazer para mudar”, os app meteorológicos são muito atraentes para o mecanismo humano buscar dopamina por causa da “quantificação das informações, a forma como os números são apresentados, os gráficos e as tabelas, o cérebro tem um jeito de realmente se encontrar nos números”.