A primeira gigafábrica de baterias caseiras da Europa no Círculo Polar Ártico está "por um fio"
No limite do Círculo Polar Ártico fica a maior gigafábrica da Europa, que prometia gerar eletricidade para um futuro sustentável. O que aconteceu para fazer com que essas promessas pareçam agora improváveis?
No limite do Círculo Polar Ártico encontra-se uma gigafábrica de baterias de íons de lítio, que é considerada a primeira resposta "nativa" da Europa frente às necessidades de eletrificação, especialmente na transição para longe dos combustíveis fósseis. Estas baterias podem alimentar veículos elétricos e novas tecnologias, mas o projeto enfrenta agora grandes enigmas: ele sobreviverá para cumprir as suas promessas?
Centro Sueco para um Futuro Mais Verde
A Suécia é um dos países mais vanguardistas no âmbito da energia verde e da sustentabilidade. Até 2045, o país pretende ser o primeiro país neutro em carbono entre os 38 países membros do fórum político global do Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD).
O primeiro-ministro da Suécia, Stefan Löfven, disse que a base da empresa sueca Northvolt perto do Círculo Polar Ártico, em Skellefteå, era “o futuro” contra a iminente crise climática. Ela iria construir “a bateria mais verde do mundo” e reduzir a dependência da Suécia e da Europa em combustíveis fósseis, incluindo baterias importadas da China, mais rapidamente do que se pensava ser possível.
O objetivo da empresa era criar “baterias verdes” feitas com uma pegada de carbono 90% menor do que aquelas criadas com energia tradicional. Isto parece atender à demanda futura por baterias de lítio com o surgimento dos veículos elétricos. Mas o panorama pode ser diferente hoje.
O que deu errado?
O mercado automobilístico europeu tem enfrentado dificuldades: a BMW cancelou recentemente o seu contrato de 2,5 bilhões de dólares com a Northvolt. Na semana passada, a Northvolt anunciou cerca de 1.600 demissões. A empresa anunciou também que suspenderia a expansão da sua fábrica em Skellefteå.
Segundo o site The Guardian, Mats Engström, pesquisador de políticas do grupo de especialistas do Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR), afirmou: "Agora é uma questão em aberto se a Northvolt sobreviverá. O dinheiro está acabando rapidamente. Se os proprietários e credores puderem chegar um acordo sobre financiamento para o futuro próximo, ainda poderá ser possível salvar a atividade principal"
A esperança de uma transição verde na Europa
A redução das emissões de poluentes é essencial para que a Suécia e muitos outros países como o Reino Unido cumpram as suas metas climáticas. Se a gigafábrica fechasse, poderia ser um passo atrás para a transição verde na Suécia, na Europa ou mesmo para o Acordo Verde da União Europeia.
Em uma nota positiva, o governo sueco anunciou um novo gabinete de 'aceleração verde', que poderá apoiar as empresas na transição verde, conforme noticiado pelo meio de comunicação sueco Norran, tentando transformar a ansiedade climática em “esperança climática”. No entanto, as perspectivas permanecem incertas para a Northvolt, já que a BMW mostrou que não quer investir mais na empresa.
“A Suécia deve pretender ser mais verde e mais rica, transformando a ansiedade climática em esperança climática”, disse a Ministra da Energia e Indústria, Ebba Busch.
Existe também uma parceria com os Estados Unidos para colaborar em P&D (pesquisa e desenvolvimento) através da 'Iniciativa de Transição Verde', mediante desenvolvimentos como a reciclagem de matérias-primas industriais.
Referencias da notícia:
Norran. "BMW does not want to invest more in Northvolt". 2024.
Norran. "Government announces key green transition appointments". 2024.
GTI. "Sweden-US Green Transition Initiative". 2024.