A seca no Amazonas: primeiro os rios sumindo e agora dezenas de casas soterradas por deslizamentos de encostas
A falta de chuva no Amazonas tem gerado diversos alertas em diferentes setores do país. O maior risco de incêndios, a seca dos rios e morte de peixes e botos, e agora casas soterradas pela terra seca.
Já são semanas consecutivas monitorando a situação de emergência no Amazonas devido à falta de chuva provocada pelo fenômeno El Niño nesse ano de 2023. O fenômeno aumenta o risco de seca severa na região, o que gera diversas preocupações em diferentes setores, desde o básico como água potável até o mais extremo como mortes geradas por consequência da estiagem.
A chuva tem sido tão irregular no Amazonas que nos últimos 15 dias, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o maior volume registrado nesse intervalo de tempo foi de 127,6mm na cidade de Eirunepé, no sudoeste do estado. Outra cidade que chegou a pouco mais de 100mm foi São Gabriel da Cachoeira, no noroeste do Amazonas, ou seja, as chuvas tem ficado mais concentradas na porção oeste do território amazonense.
Além da baixa considerável no nível dos rios com seca já considerada histórica, gerando a morte de peixes, botos e outros animais, problemas graves tem sido registrados como o próprio abastecimento de água potável e transporte para alimentação. Como se não bastasse tudo isso, tem a vegetação e o aumento do número de queimadas, e o próprio solo que fica completamente seco.
Erosão fluvial
Quando falamos em excesso de chuva dentro de pequeno intervalo de tempo, um dos maiores riscos é o solo encharcado não aguentar e ceder, gerando os deslizamentos de terra. Agora quando falamos em falta de chuva, é difícil pensar que um solo completamente seco e duro vai se romper, mas isso acontece, é o fenômeno chamado de terras caídas, que acontece em períodos de seca dos rios, é um termo usado pelas populações ribeirinhas da região amazônica para designar um processo natural de erosão fluvial.
Aliás, esse fenômeno é considerado o principal responsável por transformações naturais que acontecem na paisagem ribeirinha amazônica, e também por causar diversos danos socioambientais. Neste caso, a tragédia deixou feridos, desaparecidos e ao menos uma morte confirmada.
O fenômeno raro foi registrado no início da noite do último sábado (30) e destruiu completamente uma vila no interior do Amazonas, o que deixou ao menos uma pessoa morta e quatro desaparecidos. O óbito confirmado pela Defesa Civil do Estado é de uma criança. Entre os desaparecidos, três foram soterrados e um caiu no rio. Além disso, outras pessoas ficaram feridas.
A grande erosão aconteceu em uma extensa área que era coberta por ruas, casas, escolas e igrejas de uma pequena vila chamada Arumã, que fica no interior do Amazonas, na cidade de Beruri que fica há cerca de 173 quilômetros de Manaus. Após o fenômeno de terras caídas e o desabamento de um barranco enorme, o lugar ficou completamente destruído com uma tragédia sem precedentes.
Com o desabamento que aconteceu dentro de instantes, a comunidade rural sumiu do mapa. Segundo informações dos bombeiros, mais de 40 casas foram afetadas, o que afetou em torno de 200 pessoas que viviam ali.
Os moradores relataram que sentiram um forte tremor de terra quando o deslizamento de terra começou, e que quem conseguiu se proteger correu para a floresta, o que deu certo para muitos que foram resgatados na manhã de domingo apenas com ferimentos leves, como relatou o subtenente do Corpo de Bombeiros de Manacapuru, Emerson Silva.
Previsão para o Amazonas
Para esta semana, a previsão é de pouca chuva sobre o estado do Amazonas, que deve registrar apenas pancadas isoladas e sem volume expressivo, especialmente no noroeste do estado. A maior parte das cidades, que inclusive continuam em situação de emergência devido as secas, devem continuar com tempo firme, ensolarado e muito quente.
Tem potencial para chuvas mais organizadas sobre o estado na próxima semana, mas ainda assim, vale ressaltar que serão pancadas rápidas e intercaladas com períodos de melhoria, além de irregulares falando de volume, o que vai manter o solo ainda seco e sem grande reposição hídrica. As chuvas não serão duradouras e a segunda quinzena de outubro já deve começar com tempo completamente seco espalhado pela maior parte do estado, principalmente no centro e no leste.