A segunda onda de frio do inverno está a caminho: entenda os impactos na agricultura do Sul e Sudeste do Brasil
Uma intensa massa de ar polar chega ao Brasil na próxima semana, trazendo geadas que ameaçam as principais culturas agrícolas do Sul e Sudeste, incluindo trigo, milho.
À medida que nos aproximamos da segunda semana de julho, uma intensa massa de ar polar está se deslocando em direção ao Brasil, prometendo ser uma das mais severas do ano. O mapa mostra a anomalia de temperatura projetada para a América do Sul até o dia 14 de julho, destacando uma significativa onda de frio que avança sobre o Sul do Brasil, com temperaturas muito abaixo da média para esta época do ano.
As regiões em azul escuro indicam desvios de temperatura de até -10°C abaixo da média, um claro sinal da intensidade da massa de ar polar que afeta estas áreas. Esta condição meteorológica não apenas traz um frio excepcional para a região, mas também implica potenciais riscos para a agricultura, podendo impactar negativamente culturas sensíveis a temperaturas extremamente baixas.
As regiões mais escuras em azul no mapa mostram onde as temperaturas podem chegar abaixo de zero, principalmente no Rio Grande do Sul, e se estendendo até partes do sul de Santa Catarina e Paraná. Esse frio intenso não é apenas um desconforto no dia a dia, mas também uma preocupação séria para os agricultores. Temperaturas tão baixas podem causar geadas severas, que danificam plantações e podem levar a perdas significativas na agricultura.
Principais culturas afetadas
Trigo: No Rio Grande do Sul e no Paraná, principais produtores de trigo do Brasil, as condições climáticas geram preocupação constante. O trigo, especialmente vulnerável durante fases como floração e crescimento, pode sofrer com as baixas temperaturas e geadas, o que impacta negativamente seu potencial produtivo e causa perdas econômicas consideráveis.
Ainda assim, temperaturas um pouco mais frias, mas sem a ocorrência de geadas, podem ser benéficas. Essas condições podem estender o ciclo vegetativo da planta e promover um maior desenvolvimento de afilhos e raízes, melhorando a absorção de nutrientes.
O afilhamento se beneficia de temperaturas entre 15 e 20 ºC, enquanto o crescimento foliar é ideal entre 20 e 25 ºC. Entretanto, quando as temperaturas caem drasticamente durante o estágio de alongamento, podem ocorrer danos sérios, como a queima das folhas e o comprometimento estrutural do colmo, o que prejudica seriamente a cultura.
Milho: No Paraná, que é um dos líderes na produção de milho, as plantações estão igualmente em risco. As geadas podem afetar adversamente as plantas durante a fase de floração, comprometendo a produção de grãos.
Além disso, a irrigação se mostra como uma estratégia crucial: mantendo as lavouras bem irrigadas, aumenta-se a umidade ao redor das plantas, o que pode retardar o processo de congelamento. Especificamente, a água nas folhas congela antes de afetar o tecido vegetal, fornecendo uma camada protetora adicional contra o frio intenso
Frutas, como Maçãs e Uvas: No Rio Grande do Sul, que domina a produção de uvas e maçãs no Brasil, a situação é crítica. As videiras e pomares de maçãs, particularmente suscetíveis às geadas durante a fase de brotação, podem sofrer danos que afetam não apenas a safra atual, mas também o ciclo produtivo dos anos subsequentes.
Café: Embora a produção de café no Paraná tenha diminuído em comparação com décadas anteriores, ainda existem áreas dedicadas a esta cultura que podem ser afetadas pela onda de frio.
Impacto econômico e medidas preventivas
O impacto econômico dessas geadas pode ser extenso, afetando não apenas os rendimentos das culturas mas também o preço dos alimentos no mercado interno. É vital que os agricultores tomem medidas preventivas como a implementação de sistemas de irrigação que criam uma camada protetora de gelo sobre as plantas, ajudando a mitigar os efeitos das baixas temperaturas.
A chegada desta massa de ar polar reforça a necessidade de vigilância e preparação contínua por parte dos agricultores e das autoridades locais. Enquanto o frio intenso promete ser um teste para a resiliência do setor agrícola, também serve como um lembrete da importância de estratégias de adaptação e mitigação frente às mudanças climáticas, que estão tornando tais eventos mais frequentes e severos.
Esse cenário exige uma atenção redobrada e uma resposta rápida para proteger as lavouras e garantir que o impacto na produção agrícola e na economia local seja minimizado. A colaboração entre meteorologistas, agrônomos e agricultores será crucial para navegar por este período desafiador.