A superfície de água no Brasil reduziu 3% em 2023, com o Pantanal sendo o bioma que mais secou, segundo MapBiomas
O Brasil está perdendo área coberta por água. O bioma que mais perdeu superfície de água foi o Pantanal, mas a Caatinga, o Cerrado e a Mata Atlântica tiveram aumento em 2023.
O Brasil teve redução na superfície de água em 2023 pela segunda vez em três anos, segundo o MapBiomas. O relatório mostra que os corpos hídricos do Brasil estão diminuindo, e o bioma mais afetado é o Pantanal.
O Brasil perdeu 6,3 milhões de hectares de superfície de água em 2023
Desde 1985, início do período analisado pelo MapBiomas, a tendência é de diminuição dos corpos hídricos no Brasil, tanto a superfície coberta por água natural quanto nos reservatórios. Houve perda de água em todos os meses de 2023 em relação a 2022, incluindo os meses da estação chuvosa.
A superfície de água em 10 estados, um pouco mais de 37% do Brasil, ficou abaixo da média histórica em 2023. Os mais graves ocorreram nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com perda de 274 mil hectares e 263 mil hectares, respectivamente.
A perda registrada no ano de 2023 foi de aproximadamente 3% em comparação com 2022, correspondendo a 5.700 km². Em relação aos corpos hídricos naturais, a perda foi de 30,8%, equivalente a 6,3 milhões de hectares no ano de 2023. Metade das bacias hidrográficas do país estiveram abaixo da média histórica.
As fontes naturais, como rios e lagos, correspondem a 77% da superfície de água no país. E o restante, 23%, são compostos por reservatórios, hidrelétricas, aquicultura e mineração, cerca de 4,1 milhões de hectares.
O bioma que mais secou: Pantanal
Desde 2018, o Pantanal vem apresentando tendência de redução na superfície de água, e foi o que mais seco ao longo de toda série histórica. A extensão do corpo d’água anual no Pantanal, cerca de 6 meses do ano, em 2023 foi de 383 hectares, ficando 61% abaixo da média
Tal diminuição do corpo hídrico está relacionada com a redução da vegetação nativa nas proximidades do Pantanal, onde estão as nascentes e cabeceiras dos rios que abastecem a planície alagada.
Em 1985, estima-se que havia cerca de 60% de vegetação natural no bioma, mas hoje em dia está em torno de 40%. E os períodos de cheia nos rios estão sendo fracos. Em 2024, não tivemos o pico de cheia, mas sim um pico de seca, que deve se estender até setembro, segundos as projeções.
Cerrado
O Cerrado, em 2023, teve a maior superfície de água desde 1985, cerca de 1,6 milhão de hectares. O ganho se deu em áreas antrópicas, que tiveram uma expansão de 363 mil hectares (56,4%), mas por outro lado, os corpos de água naturais perderam 696 mil hectares (53,4%).
Caatinga
Por sua vez, a Caatinga também registrou um aumento no corpo hídrico em 2023. Após um longo período de seca em grande parte da região Nordeste, desde 2018 é possível observar uma tendência de acréscimo na superfície de água do bioma. Em 2023, a extensão hídrica ficou 6% acima da média histórica.
Pampa
Ao sul do país, nos pampas, em 2023 foi observado a menor superfície de água em reservatórios, cerca de 40% abaixo da média. Os primeiros 4 meses de 2023 foram os mais secos da série histórica, e as cheias no Rio Grande do Sul, entre setembro e novembro, recuperaram o corpo hídrico, mas ainda assim, ele se manteve 2% abaixo da média.
Mata Atlântica
O bioma Mata Atlântica apresentou um aumento de 3% na superfície de água em 2023. Durante o ano, o bioma registrou elevados níveis de precipitação em alguns municípios e atualmente é caracterizado como o bioma com a maior superfície de água de origem antrópica, onde a área em hidrelétricas e reservatórios é superior à de água natural.
Amazônia
Mais da metade da superfície de água do país está localizada na Amazônia. Vale lembrar que em 2023 o bioma sofreu com uma seca severa, e por isso apresentou uma redução de 3,3 milhões de hectares em relação à média histórica.