A temporada de furacões do Atlântico Norte deu uma pausa nas últimas semanas. Será que ela voltará à ativa?
A temporada de furacões do Atlântico Norte deu uma pausa após o furacão Beryl, devido a uma mudança das condições atmosféricas que envolve a areia do deserto do Saara! Porém, essa calmaria tem previsão de acabar logo!
Depois do devastador Furacão Beryl, que impressionou o mundo com seu poder de destruição, a temporada de furacões do Atlântico Norte parece que deu uma “pausa”, não registrando nenhuma atividade de tempestades tropicais e furacões nas últimas semanas.
Mesmo com essa calmaria, previsões recentes continuam a indicar que essa temporada será mais ativa que o normal. A última atualização de previsão lançada neste mês pela Colorado State University (CSU) aponta que essa temporada poderá registrar 25 tempestades nomeadas, com 12 delas se tornando furacões e 5 se tornando furacões intensos, de categoria 3, 4 ou 5. Números maiores que os previstos no último prognóstico divulgado no mês de junho.
Porém, até o momento só registramos 3 tempestades nomeadas e 1 furacão de categoria intensa, o furacão Beryl, e agora estamos observando essa longa pausa da temporada, o que nos faz pensar: Será que essa temporada será ativa mesmo? As previsões estariam erradas? Por que a temporada “pausou” de repente? Até quando essa calmaria vai durar?
O que causou essa pausa da temporada de furacões?
Desde a dissipação de Beryl no dia 9 de julho, nenhuma tempestade tropical chegou a ser desenvolver e muito menos se tornar furacão no Atlântico Norte, mesmo com uma intensa atividade de distúrbios tropicais vindos da África e com as águas mais quentes que o normal do Atlântico Norte, que poderiam favorecer o desenvolvimento desses sistemas.
Mesmo com esses fatores estando a favor da formação dos sistemas tropicais, outros estavam atuando contra a formação desses sistemas sobre o Atlântico Norte: o alto cisalhamento do vento e grandes plumas de poeira vindas do deserto do Saara!
O cisalhamento vertical do vento - diferença de direção e/ou velocidade dos ventos em altos e baixos níveis da atmosfera - é um elemento crucial para a formação dos sistemas tropicais. Quando o cisalhamento é baixo, os sistemas tropicais conseguem desenvolver seus grandes núcleos de convecção, tomando forma e ganhando intensidade. Quando o cisalhamento é alto, esses grandes núcleos de convecção não conseguem se desenvolver plenamente. Durante o mês de julho, as condições dinâmicas da atmosfera sobre o Atlântico Norte estiveram contribuindo para um alto cisalhamento vertical do vento, condição que deverá mudar nos próximos dias.
Além disso, ao longo do mês de julho várias plumas de poeira que partiam do deserto do Saara atravessavam o Atlântico tropical em direção ao Caribe. Por diversas vezes pudemos acompanhar a travessia dessas grandes plumas de poeira via imagens de satélite.
Essas plumas de poeira carregam ar mais quente e seco, diminuindo a umidade da atmosfera na região de desenvolvimento dos furacões, inibindo então a formação de nuvens e, consequentemente, a formação desses sistemas. Além disso, essas plumas de poeira também poluíram o ar em muitas regiões do Caribe e causaram as conhecidas “dirty rains” (“chuvas sujas”, em português) no estado da Flórida.
Quando a temporada de furacões ficará ativa novamente?
Especialistas norte-americanos esperam que a temporada de furacões do Atlântico Norte volte a ativa no início de agosto, se mantendo ativa até o pico da temporada, que ocorre entre o meio de agosto e o meio de outubro.
De acordo com esses especialistas, a grande mudança meteorológica responsável pela “reativação” da atividade de furacões em agosto será a Oscilação de Madden Julian (OMJ), que chegará ao Atlântico Norte em um pulso favorável ao desenvolvimento convectivo. Inclusive, esse pulso que se dirige agora - se movendo de oeste para leste - para o Atlântico possivelmente favoreceu a formação do tufão Gaemi no oeste do Pacífico em meados de julho e recentemente da tempestade tropical Bud no leste do Pacífico.
Esse “empurrãozinho” da OMJ somado às altas temperaturas da superfície do mar do Atlântico Norte serão o suficiente para reiniciar a temporada de furacões a todo vapor nos primeiros dias de agosto e trazer mais tempestades poderosas ao Caribe, América Central e partes dos Estados Unidos.