A temporada de furacões do Atlântico Norte deu uma pausa nas últimas semanas. Será que ela voltará à ativa?

A temporada de furacões do Atlântico Norte deu uma pausa após o furacão Beryl, devido a uma mudança das condições atmosféricas que envolve a areia do deserto do Saara! Porém, essa calmaria tem previsão de acabar logo!

Temporada furacões 2024
O poderoso furacão Beryl, que se dissipou na primeira semana de julho, foi o último sistema tropical da temporada de furacões do Atlântico Norte deste ano. Imagem: Visible Earth NASA.

Depois do devastador Furacão Beryl, que impressionou o mundo com seu poder de destruição, a temporada de furacões do Atlântico Norte parece que deu uma “pausa”, não registrando nenhuma atividade de tempestades tropicais e furacões nas últimas semanas.

Mesmo com essa calmaria, previsões recentes continuam a indicar que essa temporada será mais ativa que o normal. A última atualização de previsão lançada neste mês pela Colorado State University (CSU) aponta que essa temporada poderá registrar 25 tempestades nomeadas, com 12 delas se tornando furacões e 5 se tornando furacões intensos, de categoria 3, 4 ou 5. Números maiores que os previstos no último prognóstico divulgado no mês de junho.

Porém, até o momento só registramos 3 tempestades nomeadas e 1 furacão de categoria intensa, o furacão Beryl, e agora estamos observando essa longa pausa da temporada, o que nos faz pensar: Será que essa temporada será ativa mesmo? As previsões estariam erradas? Por que a temporada “pausou” de repente? Até quando essa calmaria vai durar?

O que causou essa pausa da temporada de furacões?

Desde a dissipação de Beryl no dia 9 de julho, nenhuma tempestade tropical chegou a ser desenvolver e muito menos se tornar furacão no Atlântico Norte, mesmo com uma intensa atividade de distúrbios tropicais vindos da África e com as águas mais quentes que o normal do Atlântico Norte, que poderiam favorecer o desenvolvimento desses sistemas.

Mesmo com esses fatores estando a favor da formação dos sistemas tropicais, outros estavam atuando contra a formação desses sistemas sobre o Atlântico Norte: o alto cisalhamento do vento e grandes plumas de poeira vindas do deserto do Saara!

O cisalhamento vertical do vento - diferença de direção e/ou velocidade dos ventos em altos e baixos níveis da atmosfera - é um elemento crucial para a formação dos sistemas tropicais. Quando o cisalhamento é baixo, os sistemas tropicais conseguem desenvolver seus grandes núcleos de convecção, tomando forma e ganhando intensidade. Quando o cisalhamento é alto, esses grandes núcleos de convecção não conseguem se desenvolver plenamente. Durante o mês de julho, as condições dinâmicas da atmosfera sobre o Atlântico Norte estiveram contribuindo para um alto cisalhamento vertical do vento, condição que deverá mudar nos próximos dias.

De acordo com a NOAA, o ar ao redor das plumas de poeira do Saara tem cerca de 50% menos umidade do que a atmosfera típica, condição prejudicial à formação das nuvens e tempestades que formam os ciclones tropicais.

Além disso, ao longo do mês de julho várias plumas de poeira que partiam do deserto do Saara atravessavam o Atlântico tropical em direção ao Caribe. Por diversas vezes pudemos acompanhar a travessia dessas grandes plumas de poeira via imagens de satélite.

Essas plumas de poeira carregam ar mais quente e seco, diminuindo a umidade da atmosfera na região de desenvolvimento dos furacões, inibindo então a formação de nuvens e, consequentemente, a formação desses sistemas. Além disso, essas plumas de poeira também poluíram o ar em muitas regiões do Caribe e causaram as conhecidas “dirty rains” (“chuvas sujas”, em português) no estado da Flórida.

Quando a temporada de furacões ficará ativa novamente?

Especialistas norte-americanos esperam que a temporada de furacões do Atlântico Norte volte a ativa no início de agosto, se mantendo ativa até o pico da temporada, que ocorre entre o meio de agosto e o meio de outubro.

Com a mudança de fase da Oscilação de Madden Julian (OMJ), a temporada de furacões do Atlântico Norte deverá voltar a ativa no início de agosto e permanecer assim ao longo do mês!

De acordo com esses especialistas, a grande mudança meteorológica responsável pela “reativação” da atividade de furacões em agosto será a Oscilação de Madden Julian (OMJ), que chegará ao Atlântico Norte em um pulso favorável ao desenvolvimento convectivo. Inclusive, esse pulso que se dirige agora - se movendo de oeste para leste - para o Atlântico possivelmente favoreceu a formação do tufão Gaemi no oeste do Pacífico em meados de julho e recentemente da tempestade tropical Bud no leste do Pacífico.

Esse “empurrãozinho” da OMJ somado às altas temperaturas da superfície do mar do Atlântico Norte serão o suficiente para reiniciar a temporada de furacões a todo vapor nos primeiros dias de agosto e trazer mais tempestades poderosas ao Caribe, América Central e partes dos Estados Unidos.