Aeroporto de Porto Alegre seguirá fechado até setembro e efeitos da tragédia devem ser sentidos por muito tempo

A tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul ainda está causando muitos transtornos. O Aeroporto de Porto Alegre, que está alagado, deve seguir fechado até o mês de setembro.

Aeroporto de Porto Alegre (RS) alagado
Pista e terminal do Aeroporto de Porto Alegre (RS) estão alagados devido às chuvas. Crédito: Divulgação/Redes Sociais.

As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul desde o final de abril ainda estão causando muitos transtornos para o estado. Essa tragédia ambiental, que já é considerada a maior na história do estado, já deixou 149 mortos e 538.245 pessoas desalojadas, segundo um balanço da Defesa Civil divulgado na noite de terça-feira (14).

Os transtornos são vários. O Aeroporto Internacional Salgado Filho de Porto Alegre, que fechou no início de maio após ficar alagado, deve permanecer fechado até setembro. A Fraport Brasil, concessionária que o administra, pediu mais 90 dias de interdição devido ao alagamento da pista e do terminal. Voos com origem e destino a este aeroporto estão suspensos por tempo indeterminado, segundo determinação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Diante disso, o governo federal traçou um plano emergencial, com o remanejamento de voos para outros aeroportos gaúchos e também de Santa Catarina.

O vídeo abaixo mostra como ficou o aeroporto após as fortes chuvas:

Outro problema é a falta de energia. Segundo as empresas de energia do Rio Grande do Sul, há mais de 200 mil pontos com fornecimento de luz interrompido em todo o estado. Outros problemas surgiram agora também em Gramado, uma cidade turística muito importante na serra gaúcha.

A rodoviária de Porto Alegre também foi invadida pelas águas e está alagada. Cerca de 96% das viagens de ônibus estão suspensas.

Ali, as chuvas causaram rachaduras em imóveis e deslizamentos de encostas, deixando mais de 1,3 mil pessoas fora de casa. Inclusive, há casas que desmoronaram e outras que foram interditadas. O prefeito da cidade disse que os prejuízos devem ficar em torno de 100 milhões de reais em maio, por conta da falta de turismo.

Rua desmorona em Gramado (RS)
Uma rua que rachou e desmoronou em Gramado (RS) no último domingo (12). Crédito: RBS TV/Reprodução.

O nível do lago Guaíba, que banha a região metropolitana de Porto Alegre, após estar em elevação nos últimos dias, começou a baixar lentamente na madrugada desta quarta-feira (15). Após chegar a 5,25 metros ontem, o nível baixou para 5,19 metros às 8h15 de hoje. A água já recuou em algumas ruas da capital gaúcha após o religamento de bombas de drenagem nesta quarta-feira.

O nível mais alto registrado no Guaíba em toda a história, de 5,33 metros, foi atingido na atual enchente, nos dias 5 e 6 de maio. Até então, o recorde era da enchente de 1941, quando o nível ficou entre 4,75 e 4,76 metros.

Contudo, ainda não é possível saber quando toda a água do Guaíba deverá baixar. A cidade de Guaíba, que fica às margens do lago, ordenou a evacuação imediata de dois bairros por causa do risco de inundações.

Segundo pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o nível do lago precisa de ao menos uma semana sem chuvas para chegar à marca de 4 metros, que ainda é 1 metro acima da cota de inundação de 3 metros. Então, ele só deve chegar aos 4 metros entre os dias 19 e 21 de maio.

carros submersos em Porto Alegre (RS)
Carros ficam submersos devido à cheia do lago Guaíba na Grande Porto Alegre (RS). Crédito: G1/Reprodução.

E segundo o especialista Pedro Luiz Côrtes, professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade Federal de São Paulo (USP), as consequências desse desastre climático ainda devem ser sentidas por muito tempo. A necessidade inicial é “recompor os suprimentos básicos com medicamentos, água, alimentos e combustível”, disse ele. Além disso, será preciso avaliar o fornecimento de água, pois mesmo nos locais que não tiveram desabastecimento, ela pode ter sido contaminada com doenças.

Em relação às estradas, o Rio Grande do Sul ainda tem 100 trechos de bloqueios totais e parciais em 51 vias.

E a longo prazo, as mudanças devem envolver toda a população. “Além de recursos, vai precisar de muita capacidade técnica e o envolvimento de todos, superando divergências políticas e ideológicas”, afirmou Cortês.

Chuvas retornam para Rio Grande do Sul a partir desta quinta-feira

Já na manhã da quinta-feira (16), uma região de cavado se forma sobre o norte do Rio Grande do Sul e sul de Santa Catarina, contribuindo para a ocorrência de chuvas e fraca a moderada intensidade, que se estendem até o leste catarinense, até a altura da região de Florianópolis.

As chuvas previstas nos próximos dias serão menos intensas e com um locacional menos impactante em relação as que ocorreram no último fim de semana. No entanto, a recorrência da precipitação, podem manter o risco de elevação dos corpos d'água e de deslizamentos.

Por volta do início da tarde, as instabilidades já atingem toda a metade norte do Rio Grande do Sul, incluindo a região da Serra e metropolitana de Porto Alegre, mas com chuvas de fraca a modera intensidade. Do meio da tarde até o início da noite, há potencial de chuvas mais intensas nessas áreas, o que pode agravar a situação. No oeste e sul de Santa Catarina, há risco de chuvas de forte intensidade.

No período da noite, as chuvas ocorrem com fraca intensidade no Norte, Serra, e região de Porto Alegre. Previsão de chuvas mais intensas somente na região entre o norte gaúcho e o oeste catarinense.

alertas de chuvas intensas na Região Sul
Acumulado de precipitação até sexta-feira (17), segundo o modelo ECMWF.

Na madrugada da sexta-feira (17), as instabilidades ganham força e leva potencial de chuvas de moderada a forte intensidade no Norte, Serra e região de Porto Alegre no Rio Grande do Sul e no oeste de Santa Catarina.

Ao longo do dia, a região de cavado evolui para uma frente fria, que mantém o tempo instável nessas áreas, com aumento da intensidade das chuvas, que também passam a ocorrer na região central e sul de Santa Catarina.

Mesmo o sistema se deslocando mais para norte e atuando mais sobre o território catarinense, há possibilidade para eventos de chuvas intensas no período tarde sobre o território gaúcho. No período da noite, há risco de chuvas intensa e tempestades sobre Santa Catarina e até mesmo sobre o sudoeste do Paraná.