Agência reguladora americana (FDA) aprova a primeira vacina contra Chikungunya no mundo!

O FDA aprovou a Ixchiq, primeira vacina contra a doença provocada pelo vírus Chikungunya do mundo, desenvolvida pela farmacêutica Valneva. A vacina está indicada para indivíduos com 18 anos de idade ou mais que apresentam risco aumentado de exposição ao vírus Chikungunya.

vacina
A agência reguladora norte-americana (FDA) aprovou a Ixchiq, primeira vacina contra a doença provocada pelo vírus Chikungunya do mundo.

A agência reguladora norte-americana, Food and Drug Administration (ou FDA) aprovou, hoje, a primeira vacina que visa prevenir os riscos da doença causada pelo vírus Chikungunya, um arbovírus transmitido principalmente pela picada de mosquitos fêmea infectados do gênero Aedes, ou seja, pode ser transmitido pelo mosquito que também transmite a Dengue.

A vacina

A vacina Ixchiq, desenvolvida pela Valneva, é aplicada em dose única no músculo, e sua tecnologia utiliza uma versão do vírus enfraquecida ou atenuada, portanto, não deve ser administrada em pacientes imunossuprimidos ou imunocomprometidos ou com alergias a algum componente da vacina.

A vacina foi estudada por estudos clínicos de fase 3 (os mais avançados).

O estudo foi realizado na América do Norte, contando com cerca de 3.500 participantes com 18 anos de idade ou mais, os quais receberam uma dose da vacina, ou que receberam um placebo (cerca de 1.000 participantes) - FDA

Ainda, os dados de resposta imunológica revelam uma alta porcentagem de participantes (mais de 98%) que receberam a vacina desenvolvendo anticorpos contra o vírus Chikungunya, comparado com aqueles que não receberam a vacina.

Entre as principais reações adversas, foram observados dor de cabeça, fadiga, dores musculares, dores nas articulações, febre, náusea e sensibilidade no local da injeção.

Estudos de acompanhamento pós-comercialização

O FDA solicitou à fabricante que um estudo pós-comercialização seja realizado para avaliar os possíveis riscos de reações adversas mais graves semelhantes à Chikungunya, as quais podem durar por até 30 dias em um pequeno grupo de indíviduos.

Cabe reforçar que essa análise é padrão para todas as vacinas após a sua aprovação no país.

A indicação para gestantes deve ser feita pelos profissionais da saúde considerando riscos de exposição ao vírus e suas doenças, para a gestante e para o feto.

E o Brasil?

O Instituto Butantan tem parceria com a Valneva, e participou ativamente do desenvolvimento dessa vacina, e informou que deve solicitar o pedido de autorização para uso ainda no primeiro semestre de 2024, segundo matéria do G1.

O Instituto Butantan informou que a vacina está sendo testada em 750 adolescentes brasileiros, de 12 a 17 anos, que residem em áreas endêmicas em São Paulo, São José do Rio Preto, Salvador, Laranjeiras, Fortaleza, Belo Horizonte, Recife, Manaus e outras localidades, segundo o G1.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), "até o final de abril (de 2023) foram notificados 86,9 mil casos da doença, com taxa de incidência de 40,7 casos por 100 mil habitantes".

Efeitos das mudanças climáticas

O aumento da temperatura global gera efeitos sobre a circulação de vetores de doenças, como mosquitos, e no caso dos mosquitos do gênero Aedes, propiciou a presença do mosquito e os agentes infecciosos transmitidos por ele em novos locais, espalhando-se globalmente.

Comentamos em maio, em uma publicação, sobre esse assunto, veja abaixo.

A Chikungunya

A Chikungunya é um problema de saúde pública global, com "pelo menos 5 milhões de casos de infecção pelo vírus chikungunya relatados durante os últimos 15 anos", segundo o FDA. O vírus chegou às Américas em 2013, causando uma epidemia de casos e os primeiros casos brasileiros foram confirmados em 2014 nos estados do Amapá e da Bahia.

A circulação do vírus da Chikungunya (CHIKV) é detectada em todo o país, onde os mosquitos transmissores e portadores do vírus circulam de forma endêmica.

Segundo a página do Ministério da Saúde, a doença pode apresentar três fases:

  • Febril ou aguda: tem duração de 5 a 14 dias
  • Pós-aguda: tem um curso de até 3 meses.
  • Crônica: Se os sintomas persistirem por mais de 3 meses após o início da doença, considera-se instalada a fase crônica. A artralgia (dor nas articulações) é um dos exemplos mais frequentes, que pode permanecer por anos em pacientes que tiveram infecção por CHIKV.

Sintomas

Os principais sintomas da doença provocada pelo CHIKV são:

  • Febre, calafrios, e dores intensas nas articulações, nas costas e pelo corpo, além da cabeça;
  • Erupção avermelhada na pele
  • Náuseas e vômitos.
  • Dor atrás dos olhos e na garganta
  • Diarreia e/ou dor abdominal (manifestações do trato gastrointestinal são mais presentes em crianças).

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico é feito por meio do exame médico, e todos os exames para tal são disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Ao apresentar febre de início súbito maior que 38,5ºC e artralgia ou artrite intensa (dor nas articulações e/ou juntas) de início agudo, após ter visitado ou residir em áreas com casos de CHIKV no período de duas semanas, caracteriza-se como um caso suspeito que precisa de investigação médica.

O tratamento é orientado para o controle da dor (analgesia) e de suporte (hidratação, com a aplicação de medicamentos de acordo com os sintomas).