Agricultura em alerta: previsões de junho apontam desafios com veranicos no Sul do Brasil

As previsões climáticas para junho de 2024 indicam riscos de veranicos e chuvas escassas no Sul do Brasil, ameaçando culturas cruciais como milho, feijão e trigo durante fases críticas de colheita e plantio.

Diferenças na precipitação média mensal em comparação com a média histórica para o mesmo mês. Fonte: ECMWF/METEORED.

À medida que o inverno se aproxima no hemisfério sul, o setor agrícola do sul do Brasil enfrenta desafios significativos devido a mudanças previstas para os meses de junho a agosto de 2024.

Dados recentes indicam uma combinação preocupante de elevadas temperaturas e precipitações abaixo da média, trazendo riscos de veranicos, que podem afetar drasticamente a produtividade agrícola.

Anomalias de temperatura média trimestral em comparação com a média histórica para o mesmo periodo.

Modelos climáticos apontam para anomalias de temperatura significativas, com períodos de calor intenso que superam a média histórica para a estação. Esses veranicos, caracterizados por ondas de calor fora do comum no inverno, podem comprometer a saúde das plantações que dependem de temperaturas mais amenas.

Paralelamente, mapas de previsão de anomalias de precipitação sugerem uma estação mais seca, especialmente crítica para regiões agrícolas que dependem da regularidade das chuvas para o cultivo de grãos e outros produtos.

Impactos diretos nas culturas principais

Durante junho, algumas das principais culturas no Sul do Brasil estão na fase final da colheita ou início do plantio, dependendo do calendário agrícola. As regiões e cidades específicas afetadas incluem:

  • Milho: Tradicionalmente, junho é um mês crucial para o milho no sul do Brasil, especialmente no Paraná e no Rio Grande do Sul, onde se conclui a colheita. A falta de chuvas e o aumento das temperaturas podem afetar negativamente as fases finais de desenvolvimento, reduzindo a produtividade.
  • Feijão: A colheita do feijão, que ocorre durante este período nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, pode enfrentar desafios devido à escassez de chuvas, afetando diretamente a qualidade e quantidade dos grãos produzidos.
Colheita e descascador de milho
  • Trigo: Com o início do plantio de trigo em junho, particularmente no noroeste do Rio Grande do Sul e partes do Paraná, a previsão de baixa precipitação pode complicar o estabelecimento inicial das plantas, necessitando, muitas vezes, de irrigação suplementar para garantir a germinação e o desenvolvimento inicial.

Análises recentes e estratégias de mitigação

Relatórios da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) destacam os desafios impostos pelas condições climáticas extremas recentes. Por exemplo, chuvas intensas e inundações em maio afetaram gravemente as infraestruturas agrícola e logística no Rio Grande do Sul, enquanto variações climáticas no Paraná afetaram o desenvolvimento de culturas como milho e trigo, que sofreram com a falta de umidade.

Para lidar com esses desafios, é vital ajustar o calendário agrícola para esquivar-se dos períodos mais adversos. A melhoria dos sistemas de irrigação também se torna uma prioridade, garantindo a disponibilidade de água durante os períodos de seca. Além disso, a seleção de culturas e variedades adaptadas às condições de seca e calor pode mitigar os riscos e garantir uma produção mais estável.

Uso de tecnologia e informação

A adoção de tecnologias avançadas, como a agricultura de precisão e sistemas de informação geográfica (GIS), pode ajudar os agricultores a monitorar e responder melhor às condições climáticas em tempo real.

Essas ferramentas permitem uma gestão mais eficaz dos recursos hídricos e do solo, além de facilitar o planejamento estratégico das plantações.

Enquanto o sul do Brasil se prepara para enfrentar um inverno possivelmente rigoroso em termos de desafios climáticos, a combinação de conhecimento técnico, planejamento cuidadoso e inovação tecnológica será crucial para superar os obstáculos. Com as estratégias corretas, o setor agrícola pode não apenas sobreviver, mas prosperar, mesmo sob as condições mais adversas impostas pelas mudanças climáticas.