Alerta ambiental: pedaços de máscara são encontrados em estômago de tartaruga morta no Espírito Santo
A tartaruga foi achada morta na Orla de Camburi, em Vitória, capital do Espírito Santo. Em seu estômago foram encontrados restos de uma máscara descartável. É a primeira vez que encontram esse material em um animal.
Mais uma vítima da poluição ambiental pelo descarte irregular de materiais como plásticos e tecidos. Veterinários do Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (IPRAM) encontraram uma tartaruga-verde morta na Orla de Camburi, em Vitória (Espírito Santo), e tinha um elástico próximo ao nariz. Mas não é só isso… em seu estômago, eles identificaram restos de uma máscara descartável.
Só esse ano, um levantamento do IPRAM aponta que eles já receberam 329 animais mortos e 57 vivos, grande parte deles com objetos plásticos no estômago. Um problema grave a ser combatido!
O que pode ter acontecido?
Como já é sabido, as águas oceânicas estão sendo poluídas com diversos tipos de materiais (plástico, vidro, papel, tecidos, etc.) devido ao descarte irregular pelo ser humano. E nos últimos anos, com a pandemia do COVID-19, máscaras descartáveis passaram a ser muito utilizadas. Dessa forma, elas também acabaram tendo um descarte incorreto, chegando às praias e mares.
De acordo com o Instituto Akatu, uma organização sem fins lucrativos de São Paulo, em julho de 2021, pouco mais de um ano após as máscaras se tornarem obrigatórias no Brasil, mais de 12 bilhões de unidades já haviam sido descartadas no país.
Os materiais de plástico e microplásticos que são ingeridos pelos animais marinhos podem causar problemas como inflamação intestinal, obstrução intestinal e dores. E com isso, muitos animais não conseguem se alimentar, o que os leva à morte.
Segundo o veterinário e coordenador de veterinária do IPRAM, Leandro Egert, esse foi o primeiro registro no Estado do material que era utilizado com frequência nos anos em que o uso de máscara era obrigatório durante a pandemia da Covid-19. "Desde que começou a história sobre descarte, às vezes algum fragmento menor pode ter aparecido, mas foi o primeiro registro nosso do IPRAM. Nesse registro você consegue diferenciar bem, ver direitinho a parte da máscara que fica no nariz", disse Egert.
De acordo com o veterinário, a porcentagem de lixo que é encontrada dentro de animais marinhos que são levados para o Instituto varia entre 25% e 30%. “Nem sempre a presença do lixo é a causa da morte dos animais, mas ele causa muitas lesões que depois podem ocasionar na morte do animal", disse ele.
Para Egert, esses registros servem de alerta sobre todo o lixo que pode estar boiando no oceano. Vários outros animais também ingerem o plástico, e eles são alimento para outros animais. Então, isso vira um ciclo de morte, principalmente porque esse plástico vai levar muitos anos para se degradar.