Alerta: máximo solar pode estar adiantado um ano, com evento "terminator" a caminho da Terra

A atividade do Sol aumentou nesses últimos meses, e o seu ponto máximo previsto para 2025 parece estar sendo adiantado para este ano. Inclusive, cientistas acreditam que este pico solar será mais intenso que o do ciclo anterior.

explosão solar, Sol, NASA
Poderosa explosão solar de classe X1 capturada pelo Observatório de Dinâmica Solar (SDO) da NASA em 2 de outubro de 2022. As explosões de classe X são as mais intensas. Crédito: NASA/SDO.

O ciclo solar, também conhecido como ciclo de atividade magnética solar, é uma mudança que ocorre na atividade do Sol a cada 11 anos, em média, medida em termos de variações no número de manchas solares observadas em sua superfície.

O pico do atual ciclo solar era esperado para 2025, porém agora parece ter sido antecipado um ano antes do previsto, segundo o físico Scott W. McIntosh, diretor do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas (NCAR, na sigla em inglês) dos Estados Unidos (EUA). Esse máximo pode acontecer no final de 2023 ou início de 2024. Além disso, os cientistas alertam que o pico deste ciclo pode ser duas vezes mais forte que o anterior.

Antecipação do máximo solar

McIntosh analisou seus registros de ocorrências de manchas solares juntamente com informações coletadas ao longo de 20 anos por sua equipe de pesquisa, comparando dados históricos sobre a intensidade solar desde o ano de 1750. Segundo o cientista, as suas análises apontam para um pico de intensidade no final de 2023 ou início de 2024, o que significaria um evento "terminator".

Esse fenômeno “terminador” ocorre quando um ciclo solar acaba abruptamente, mudando a polaridade da estrela, e o novo ciclo se inicia com mais intensidade. E quando um ciclo termina e começa o próximo, o Sol pode passar por grandes colisões de campo magnético, as quais resultam em enormes 'tsunamis' de plasma atuando na superfície solar por várias semanas.

No último dia 11, a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos EUA, a NASA, publicou uma animação mostrando a atividade do Sol durante a semana anterior, quando ocorreram 3 explosões solares de classe C e 19 ejeções de massa coronal. Veja no Tweet abaixo:

Segundo alguns cientistas americanos, o campo magnético do Sol está mudando. Isto é, os campos magnéticos que estão próximo dos polos enfraquecem, mudam de sinal e começam a se propagar novamente na direção oposta. Na verdade, isso acontece em todo o ciclo solar, mais precisamente quando o Sol se aproxima do seu auge. Mas de fato, medições do Observatório Solar Wilcox da Universidade de Stanford, nos EUA, confirmam que esse enfraquecimento dos polos já está acontecendo. Os campos magnéticos polares devem chegar à marca zero em alguns meses.

Isso afetará a Terra?

O geofísico Joan Miquel Torta, do Observatório do Ebro (CSIC), confirma que estamos, de fato, em um ciclo solar mais ativo do que o esperado para a época. Contudo, ele tranquiliza: “Pode haver mais atividade, mas nem todos os eventos são críticos”. E continua: “Não devemos dramatizar, nem nos tornar paranoicos, mas é aconselhável analisar até que ponto somos vulneráveis”.

Para Consuelo Cid Tortuero, pesquisadora da Universidade de Alcalá de Henares e cientista do Serviço Nacional de Meteorologia Espacial (SeNMEs), estamos a caminho de atingir um pico solar, e “a pior parte é a parte descendente do ciclo, que é quando há muitos filamentos no Sol”. Esses filamentos que ela diz são protuberâncias que podem ejetar material do Sol para o espaço, e representam um perigo se estiverem orientados para a Terra. Ela ainda afirma que “o fato de haver um maior número de manchas solares significa mais atividade e que a probabilidade de algo acontecer é maior”.

Torta destaca também que, para que um evento extremo “terminator aconteça, muitas coincidências devem ocorrer. "Não apenas a ejeção deve atingir a Terra no meio, mas o campo magnético associado a esse plasma que viaja com o vento solar deve ter uma polaridade oposta à do campo magnético terrestre, para que se produza um fenômeno chamado reconexão magnética, que é o que comanda, e isso é complicado”, explicou ele.

Contudo, sabemos que as tempestades solares prejudicam sistemas aqui na Terra, e é isso que deixa os cientistas preocupados. Este evento pode causar graves danos para nós, como apagões de energia, interferência nas redes elétricas e satélites, e levar a uma queda nas emissões de rádio, na navegação GPS e nos demais meios de comunicação.

Tempestades geomagnéticas e auroras incomuns

Quando uma grande massa de plasma do Sol atinge a Terra, o vento solar causa tempestades geomagnéticas nas camadas mais altas da atmosfera e, como consequência, isso gera as famosas auroras (boreais, se for no polo Norte, ou austrais, no polo Sul).

aurora boreal
Foto de uma aurora boreal rara, com tons de roxo, na cidade de Casar de Cáceres, na Espanha. Crédito: Lorenzo Cordero (EFE).

María Teresa del Río Gaztelurrutia, física da Universidade do País Vasco (UPV/EHU), esclarece que as auroras são comuns; somente quando são "eventos bestiais" é que podem causar problemas. Isso faz com que o céu fique com cores diferentes no crepúsculo, em tons de roxo e violeta, à medida que elétrons e prótons colidem com o oxigênio e o nitrogênio da Terra.

Este evento poderá causar fortes tempestades geomagnéticas aqui na Terra, e portanto, eventos incomuns de auroras boreais no Hemisfério Norte. Vamos aguardar as cenas dos próximos meses!