Alerta nos oceanos: aceleração da Corrente Circumpolar Antártica
A Corrente Circumpolar Antártica é a única corrente que circunda todo o planeta. Ela está passando por uma aceleração significativa, devido ao aumento da temperatura gerado pelas mudanças climáticas antropogênicas.
A mudança climática é bem conhecida pela influência que está gerando no aumento das temperaturas em nível global e suas consequências, como por exemplo, o aumento da frequência de eventos meteorológicos extremos ao redor do mundo. Mas agora também estão sendo encontradas influências nos oceanos, e não apenas com relação às alterações dos diferentes ecossistemas, mas também com a aceleração das correntes marinhas.
Pesquisadores do Instituto Scripps de Oceanografia da Universidade de Califórnia em San Diego, junto com o Instituto oceanográfico Woods Hole e a Academia Chinesa de Ciências detectaram uma tendência na aceleração da velocidade da circulação da camada superior do Oceano Austral, com o uso de medidas de satélites e dados da rede global de boias oceânicas denominada Argo.
A temperatura é a grande responsável
A Corrente Circumpolar Antártica (CCA) separa a água fria ao sul da água subtropical mais quente ao norte. Esta parte mais quente do Oceano Antártico é a que absorve grande parte do calor que as atividades humanas estão adicionando à atmosfera. Por isto, os cientistas acreditam que é de vital importância entender sua dinâmica, para tentar prever suas mudanças e como elas pode influenciar o clima em outros setores do planeta.
A CCA é influenciada pela intensidade do vento predominante do setor oeste nessas latitudes, mas, este estudo mostrou que quanto maior (mais forte) o gradiente térmico, maiores são as mudanças que ocorrem em sua velocidade. Com os dados obtidos do projeto Argo, que proveem de mais de 4.000 boias espalhadas pelos oceanos desde 1999, eles constataram que esta tendência pode se intensificar nos próximos anos, situação que se deve principalmente à absorção do calor excedente devido às mudanças climáticas.
Aceleração do derretimento
Uma das primeiras questões que se colocam ao nos depararmos com essa situação é saber quais são os problemas que podem surgir com essa aceleração. A principal consequência é que, combinada com o aumento da temperatura dos oceanos, elas provocam uma maior taxa de derretimento de gelo na Antártica.
À medida que essa aceleração ocorre, e prevê-se que ela siga se intensificando, podem ser observadas algumas mudanças em todos os aspectos. Por exemplo, desde a temperatura do mar até a salinidade, mudanças nas condições subsuperficiais, quantidade de carbono e outros tipos de trocas de propriedades, alterando assim diferentes ecossistemas.