Alterações do clima na cidade mais setentrional do Globo

Svalbard, a região da Terra permanentemente habitada mais próxima do Pólo Norte, está a sofrer impactos negativos devido às alterações climáticas.

Região habitada do Ártico
Na região do Ártico, apesar do clima agreste, existem algumas regiões habitadas.

Várias regiões do globo estão a sofrer alterações no clima devido ao aquecimento global, sendo uma delas a região do Ártico.

Cidade mais setentrional do globo

Longyearbyen, a cidade localizada mais a norte no globo, a 78 graus de latitude norte, está localizada no arquipélago Svalbard, que é um arquipélago norueguês distante no Mar de Barents, a meio caminho entre a ponta norte da Noruega e o Pólo Norte e que foi descoberto em 1596 pelo explorador Willem Barents.

Dada a elevada latitude, quase metade do ano é noite, seguida por igual número de meses com o sol da meia-noite à vista. O clima é tipicamente ártico, com temperaturas médias mensais variando entre os -12,4°C e -17,0°C em fevereiro e os 4,0°C e 6,5°C em julho. A precipitação anual, quase toda sob a forma de neve, varia entre os 190 e os 525 mm.

Já há uns anos, algumas das casas de Longyearbyen têm sofrendo danos com aparecimento de fissuras nas suas paredes. Após averiguações, chegou-se à conclusão que parte de sistemas de resfriamento debaixo dos edifícios, destinados a ajudar a manter o solo do permafrost congelado e estável durante os períodos quentes, estavam oscilando.

Esta situação levou mesmo à evacuação de pessoas de determinados edifícios, com receio que os mesmos pudessem desmoronar. Muitos dos habitantes abandonaram Longyearbyen, que atualmente tem cerca de 2.400 habitantes. O que se tem verificado em Longyearbyen deve-se ao fato dos períodos quentes na região serem cada vez mais prolongados e frequentes.

Arquipélago e cidade que mais aquece no Globo

Desde 1971, as temperaturas em Svalbard subiram cerca de quatro graus Celsius, cinco vezes mais rápido que a média global. No inverno a temperatura média é cerca de 7°C mais quente do que há 50 anos. De acordo com o Instituto de Meteorologia Norueguês, no verão passado, Svalbard registou um recorde na temperatura máxima, 21,7°C, após 111 meses de calor acima da média. A precipitação anual em Svalbard aumentou de 30% a 45% nos últimos 50 anos.

O permafrost do arquipélago - solo que deve permanecer em grande parte congelado - está agora mais quente do que em qualquer outro lugar nesta latitude. Mesmo para os padrões do Ártico, Svalbard está aquecendo rapidamente.

Permafrost
O permafrost do arquipélago está mais quente do que em qualquer outro lugar nesta latitude.

Apesar da temporada de neve ser mais curta, têm-se verificado tempestades de neve extremas, antes raras, que desencadearam avalanches mortais nas encostas da montanha próximo de Longyearbyen. O gelo do mar está recuando e as geleiras sobre as montanhas estão entre os que derretem mais rapidamente na Terra, de acordo com um estudo da Nature Communications de 2020.

Em relação à fauna existente na região também se têm registrado impactos. Os ursos polares e as renas de Svalbard estão lutando para encontrar comida. Entretanto o impacto do aquecimento global nesta região também se manifesta na economia local.

Logo a seguir à descoberta do arquipélago, marinheiros holandeses, britânicos e dinamarqueses estabeleceram Svalbard como um posto avançado de caça à baleia, que entretanto desapareceram no início dos anos de 1900. No entanto, estão migrando para a região outros tipos de peixes valiosos, sendo a pesca um recurso importante na área.

Os mares livres de gelo estão abrindo acesso para navios de cruzeiro e para a exploração de petróleo e gás sob o fundo do mar. O que antes era uma sociedade isolada e estável, está sofrendo atualmente muitas mudanças devido às alterações que se estão ocorrendo no clima do Ártico. Em 2008 era típico ver neve todos os meses e os mares congelarem todos os anos. Atualmente nenhuma destas afirmações é verdade.