Amazônia e Cerrado registraram recordes de desmatamento já no início do ano

Os primeiros três meses de 2023 foram marcados por recordes de desmatamento nos dois maiores biomas do Brasil: Amazônia e Cerrado. Esses são registros muito preocupantes, visto que temos a frente a temporada de queimadas na região!

Desmatamento
O desmatamento disparou nos maiores biomas brasileiro, Amazônia e Cerrado, nesse primeiro trimestre de 2023.

Segundo dados do sistema de alerta de desmatamentos, o Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), os dois maiores biomas do Brasil que abrangem grande parte do Centro-Norte do Brasil, a Amazônia e o Cerrado, registraram novos recordes de desmatamento no primeiro semestre de 2023!

No caso do Cerrado, o desmatamento alcançado entre janeiro e março de 2023 é o maior em relação ao histórico do mesmo período. Foi detectada uma área de 1 375,38 km² desmatada no bioma, a maior para o trimestre desde 2018. Os estados que registraram os maiores índices de desmatamento foram a Bahia, com 568 km², Piauí, com 215 km², Tocantins, com 152 km², e o Maranhão, com 138 km².

O trimestre de janeiro a março de 2023 foi o primeiro com maior número de alertas de desmatamento no Cerrado e o segundo maior na Amazônia, desde o início dos registros do Sistema Deter.

Para a Amazônia, esse foi o segundo trimestre de janeiro a março com o maior índice de desmatamento desde 2015. Foram 844,69 km² de área desmatada, o estado com maior área com alerta de desmatamento foi o Mato Grosso, com 311 km², em segundo lugar o Amazonas, com 187 km², em terceiro lugar o Pará, com 161 km², seguido de Roraima e Rondônia, que registraram 92 e 76 km², respectivamente.

Avisos de desmatamento detectados pelo sistema Deter entre janeiro e março de 2023, a linha preta demarca o território da Amazônia Legal e a linha laranja o bioma Cerrado. Fonte:TerraBrasilis/ INPE.

Os dados do sistema Deter, de resolução diária e mensal, são provenientes de imagens de satélite da NASA e usados para o monitoramento em tempo real do desmatamento nos biomas brasileiros por órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Esses dados são considerados preliminares, pois podem conter incertezas devido sua baixa resolução e a variação da cobertura de nuvens. Dessa forma, esses não são os números oficiais que medem a taxa anual de desmatamento do INPE, os dados oficiais são publicados posteriormente pelo projeto PRODES.

Mesmo não sendo ainda os dados oficiais, esses altos valores de alertas de desmatamento são preocupantes nesse primeiro trimestre de 2023, já que esses meses marcam a estação chuvosa do Brasil e, geralmente, durante esses meses as atividades de desmatamento são reduzidas, devido às dificuldades provocadas pelas chuvas.

Atenção redobrada para a temporada de queimadas!

Além do desmatamento, a partir do outono outra grande preocupação ambiental são as queimadas, muitas vezes iniciadas de forma criminosa ou não-intencional, ou feita de forma controlada em áreas de plantação e pastagem. De qualquer forma, esses incêndios costumam avançar rapidamente durante os meses de outono e inverno devido às condições mais secas da atmosfera e do solo, saindo de controle facilmente a avançando por grandes áreas.

O predomínio de tempo seco e ensolarado no outono e inverno no Centro-Norte do Brasil favorece a atividade de desmatamento e também a ocorrência de queimadas na vegetação.

Além da falta de chuvas e baixa umidade característicos dessa época, em biomas como a Amazônia e Cerrado, as temperaturas continuam mais altas mesmo nessa época do ano, por estarem localizadas na porção mais tropical e central do Brasil. Os dias de tempo estável e com poucas nuvens durante essa época de estiagem corroboram para deixar o tempo ainda mais seco e a radiação direta do sol esquenta ainda mais a superfície, favorecendo ainda mais as condições para queimadas.

As queimadas também são monitoradas em tempo real pelo INPE através do Programa Queimadas, que utiliza técnicas de sensoriamento remoto (satélites), geoprocessamento e modelagem numérica para mapear os focos ativos de incêndios em toda a extensão do Brasil.