Amazônia registra 136 mil focos de incêndio, o maior índice em quase 20 anos
O desmatamento na Amazônia atingiu números recordes em 2024, com mais de 100 mil focos de incêndio. Estado do Pará somou mais de 57 mil focos.
O desmatamento na floresta Amazônica atingiu números recordes ano ano de 2024. Estamos nos aproximando do final do ano e o bioma registrou mais de 100 mil focos de incêndio.
Nos primeiros 11 meses deste ano, os focos de incêndio na Amazônia apresentaram um aumento de 43,7% em relação a 2023. Até o último dia 5 de dezembro, foram registrados 136.512 focos no bioma, enquanto no mesmo período do ano anterior o total foi de 98.646. O recorde histórico ocorreu em 2007, com 186 mil focos contabilizados. As informações são do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Durante 2024, a Amazônia, assim como o Pantanal e o Cerrado, sofreram secas extremas, que contribuíram para a propagação de incêndios. Embora, na maior parte do Brasil, os incêndios geralmente se intensifiquem entre agosto e outubro, com um pico em setembro, já em julho de 2024 havia indícios de que o país enfrentaria uma das secas mais severas de sua história, resultando em incêndios descontrolados.
Dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática (MMA), revelam que, entre 1º de janeiro e 20 de outubro de 2024, o fogo consumiu 13 milhões de hectares de floresta nativa na Amazônia. Essa extensão equivale aproximadamente ao tamanho da Inglaterra.
A seca extrema enfrentada pelo bioma desde 2023 resulta de uma combinação de um El Niño intenso, mudanças climáticas e desmatamento. O desmatamento intensifica a crise climática ao impactar diretamente o regime de chuvas, tornando-o mais irregular e intensificando secas, ondas de calor e enchentes. Essa interação entre as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global e a degradação ambiental cria condições propícias para o uso criminoso do fogo.
Fumaça dos incêndios na Amazônia encobre cidade do Pará
Como resultado da intensa atividade de incêndio, uma análise do CAMS do número de dias acima do limiar de 35 microgramas por metro cúbico/m3 de matéria de partículas finas PM 2,5 excedeu 150 dias durante 2024 em algumas áreas da Bolívia e do Brasil, com vários dias destes potencialmente perigosos para as concentrações de PM 2,5 de saúde na maior parte da América do Sul central.
Os incêndios criminosos também impactam diretamente a população que vive nas proximidades, como ocorreu na cidade de Santarém, no Pará, que ficou coberta por uma densa nuvem de fumaça devido às queimadas na Amazônia. O município registrou um pico de concentração de poluentes de 154 µg/m³, aproximadamente 30,8 vezes acima do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em novembro, o estado do Pará registrou 9.555 focos de incêndio, e nos primeiros cinco dias de dezembro foram contabilizados 947 focos. Entre janeiro e 5 de dezembro, o estado somou um total de 54.028 focos de incêndio.
Número total de focos de incêndios em 2024 (até 5 de dezembro) por estado:
- Pará: 57.028
- Mato Grosso: 50.166
- Amapá: 25.471
- Maranhão: 52.673