Ameça a vida marinha: Japão começará a liberar água radioativa da usina nuclear de Fukushima
As águas residuais radioativas tratadas e diluídas da central nuclear de Fukushima serão lançadas no oceano a partir de quinta-feira. Pescadores e ambientalistas temem essa decisão. Entenda os riscos!
Apesar da oposição, o Japão começará a liberar 1 milhão de toneladas métricas de água radioativa da usina nuclear de Fukushima no Oceano Pacífico nesta quinta-feira (24)!
Como essa água será lançada? É seguro?
O ministro Fimio Kishida anunciou o início da operação para despejar água residual tratada da usina nuclear de Fukushima no mar. O governo japonês e a operadora central nuclear, TEPCO (Tokyo Electric Power Company Holdings), afirmam, juntamente com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que a água não representa riscos para a saúde e o meio ambiente após um tratamento que elimina a maioria das substâncias radioativas.
O governo disse que a liberação da água é uma etapa necessária no longo e caro processo de desativação da usina, que fica na costa leste do país, a 220 km da capital Tóquio. O Japão recolhe e armazena água contaminada em tanques há mais de uma década, e a solução encontrada foi despejar no Oceano Pacífico.
Porém, pescadores da região temem que a descarga da água tratada afete os seus meios de subsistência. Mesmo que a água seja filtrada, e seja feita a remoção das substâncias radioativas, a água ainda conterá trítio e isótopos radioativos de carbono-14 de hidrogênio e carbono que não podem ser facilmente removidos da água.
Quais os riscos para a vida marinha?
A questão é que, não há tecnologia disponível para remover essa substancia do isotopo de hidrogênio, chamada de trítio radioativo. O governo japonês e a AIEA argumentam que o trítio aparece naturalmente no ambiente, incluindo na chuva e na água da torneira, o que torna as águas residuais seguras.
Mas alguns especialistas temem que as águas residuais possam prejudicar a vida marinha e os poluentes possam se acumular no ecossistema que já está frágil.A vida marinha já está em risco, e pelo menos 170 trilhões de partículas de plásticos estão presentes no oceano, com um peso combinado de cerca de 2 milhões de toneladas. Agora imagine como ficará a vida marinha após a descarga dessa água de Fukushima, além da poluição plástica.
Tanto a Coreia do Sul quanto a China já proibiram a importação de peixes de Fukushima. A China acusou o Japão de tratar o oceano como seu “esgoto particular”. A preocupação dos pescadores não é a quantidade de radiação e o risco sanitário, mas sobretudo uma questão de imagem
Entenda o motivo da descarga de água radioativa
Em 2011, um tsunami desencadeado por um terremoto de magnitude 9 danificou o fornecimento de energia e os sistemas de arrefecimento da central nuclear de Fukushima, causando o superaquecimento dos núcleos do reator e a contaminação da água na central com material altamente radioativo.
Ao mesmo tempo, águas subterrâneas e pluviais vazaram, criando mais águas residuais radioativas que agora precisam ser armazenadas e tratadas. A TEPCO construiu enormes tanques para conter as águas residuais, mas o espaço está diminuindo rapidamente. E para a empresa, construir mais tanques não é uma opção e precisa liberar espaço para desativar a usina com segurança.
A outra possibilidade considerada imatura, sugerida pelo diretor geral da AIEA, Rafael Grossi, seria a liberação de vapor, através da evaporação das águas residuais para a atmosfera. Esta ação poderia ser mais difícil de controlar devido a fatores ambientais como vento e chuva, que poderiam trazer os resíduos de volta à Terra.
Mesmo sendo diluída em um grande volume de água do mar, essa liberação de água continuará por pelo menos 30 anos.