América Latina: 70 milhões de pessoas em extrema pobreza
Este número representa a parte mais vulnerável dos 180 milhões de pessoas que não têm rendimentos suficientes para satisfazer as suas necessidades básicas, segundo um novo relatório da comissão econômica da região.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) relataram que a pobreza na América Latina e no Caribe foi reduzida em 2022, mas continua sendo um sério desafio que afeta 181 milhões de pessoas (29%) e 70 milhões (11,2%) em pobreza extrema, números semelhantes aos de 2019, antes da pandemia. No entanto, a entidade alertou que a recuperação econômica da região será fraca e que a pobreza poderá aumentar nos próximos anos.
O relatório também mostrou que a região apresenta altos níveis de desigualdade, informalidade e exclusão laboral, especialmente entre mulheres, crianças, adolescentes, povos indígenas e habitantes de áreas rurais.
A CEPAL instou os países a promoverem um crescimento econômico elevado e sustentado, com políticas que promovam a inclusão laboral e a proteção social. Além disso, destacou a necessidade de reduzir a disparidade de género e a carga do trabalho de cuidados que recai sobre as mulheres.
A pobreza afeta um em cada três latino-americanos
A pobreza afeta quase um terço da população da região, segundo dados divulgados pela CEPAL. José Manuel Salazar-Xirinachs, secretário executivo da organização, disse que “esta situação é intolerável, principalmente quando atinge 42,5% das crianças e adolescentes”. Além disso, acrescentou que a pobreza “é maior entre as mulheres, os indígenas e aqueles que vivem no campo”.
No que diz respeito ao emprego, o emprego informal é um problema que afeta metade dos 292 milhões de trabalhadores na América Latina e nas Caraíbas. O relatório indicou que 20% dos empregados vivem na pobreza, 40% ganham menos que o salário mínimo e metade não tem pensão.
O crescimento do emprego não é suficiente para alcançar uma inclusão laboral adequada. É necessário que os empregos sejam produtivos, bem remunerados e tenham proteção social, especialmente para as mulheres e os jovens. Segundo o relatório, 39% dos agregados familiares da região dependem exclusivamente do emprego informal, enquanto 61,2% das crianças e dos idosos vivem em agregados familiares com rendimentos informais ou mistos.
O relatório também destaca a desigualdade de rendimentos na região, mencionando que os 10% mais ricos ganham 21 vezes mais do que os 10% mais pobres. Além disso, em 2021, apenas 105 pessoas representavam quase 9% do Produto Interno Bruto (PIB) regional.
Renda e desigualdade: o desafio pendente da América Latina
Salazar-Xirinachs disse que os países devem promover a inclusão laboral como parte do desenvolvimento social. “Mas para isso é necessário um crescimento econômico elevado e sustentado. Não é possível melhorar o futuro do trabalho sem melhorar o futuro da produção e vice-versa”, afirmou.
A carga de trabalho de cuidados é o principal obstáculo à inclusão laboral das mulheres: aquelas que vivem em lares com filhos trabalham menos (61,6%) do que aquelas que vivem em lares sem filhos (73,5%). Além disso, a CEPAL lembrou que o trabalho doméstico é uma das principais ocupações das mulheres na América Latina, mas que o seu rendimento é metade do que as mulheres recebem em outros empregos.
Referência da notícia:
Organización de las Naciones Unidas. Unos 70 millones de personas viven en situación de pobreza extrema en América Latina. (2023)