Antártica registra recordes de altas temperaturas

No dia 6 de fevereiro de 2020, a Antártica bateu recordes históricos de temperaturas máximas nas Bases Argentinas de Esperanza e Marambio. Este evento pontual, possivelmente teve relação com a configuração atmosférica de grande escala e efeitos locais como o relevo.

efeito Foehn e calor na Antártica
Altas temperaturas para a época foram registradas na Antártica.

Um novo recorde de temperatura máxima foi registrado na Antártica na quinta-feira (6). Na Base Esperanza pertencente a Argentina, a temperatura alcançou 18,3°C no horário do meio dia local. A máxima anterior era de 17,5°C em 24 de março de 2015. Esta se tornou a temperatura mais alta desde 1961 já registrada na base. No entanto, outros recordes foram registrados no mesmo dia.

“A Base Marambio também teve a maior temperatura para um mês de fevereiro desde 1971. Alcançou 14,1°C e excedeu 13,8°C em 24 de fevereiro de 2013”, disse o Serviço Meteorológico Nacional da Argentina em um twitter publicado ontem.

Provavelmente essas temperaturas serão investigadas por um comitê da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Caso sejam confirmadas, seriam aceitas como novos registros continentais para a Antártica.

Mesmo no meio do verão, não é comum temperaturas tão altas na Península Antártica. Para se ter ideia, de acordo com a climatologia daquela região, a temperatura média para um dia 6 de fevereiro é de aproximadamente 1,8ºC. Desde o começo deste mês, a temperatura do ar na Base Esperanza variou entre 1,5ºC a 6,7°C.

Segundo Randal Cerveny, repórter do tempo e extremos climáticos da OMM, o registro provavelmente esteve associado ao evento Foehn. O nome Foehn utilizado por Cerveny, refere-se a um tipo de vento que gera um rápido aquecimento ao descer uma encosta ou montanha.

Contudo, este evento local possivelmente está dentro de um contexto mais amplo. Análises preliminares do dia 6, mostram que toda a Península Antártica estava sob efeito de uma crista de alta pressão de nível superior, conforme o twitter abaixo. Este padrão de grande escala explica os ventos predominantemente de norte em baixos níveis sobre partes do mar de Bellingshausen.

Mas devemos se lembrar que, devido a rotação da Terra, os ventos no Hemisfério Sul são desviados a esquerda do seu movimento. Isso levou os ventos de norte a se tornarem de oeste ao longo da península, favorecendo condições mais quentes para a região. Além disso, estes ventos de escala maior provavelmente contribuíram para ventos locais mais intensos, que podem ter interagido com o relevo local, justificando o efeito Foehn citado por Cerveny.