Usinas antecipam a colheita da cana devido à seca extrema: entenda os impactos na produção
A produção de cana no Centro-Sul do Brasil enfrenta desafios com a seca extrema, levando usinas a antecipar a colheita. Apesar da baixa produtividade, o setor investe em estratégias para manter a qualidade do açúcar e etanol.
A cana-de-açúcar é um dos pilares da economia agrícola do Brasil, com o Centro-Sul, especialmente os estados de São Paulo e Minas Gerais, concentrando a maior parte da produção. No último período de outubro, o setor de cana enfrentou desafios críticos, particularmente devido à intensa seca que impactou fortemente a produtividade por hectare.
No entanto, a indústria tem mostrado uma grande capacidade de adaptação, implementando medidas para mitigar os efeitos climáticos e assegurar o abastecimento interno. A seguir, discutimos o desempenho recente da cana no Centro-Sul, com foco nos ajustes na colheita, produtividade e qualidade da matéria-prima.
Antecipação da colheita: estratégia para manter a produção
Devido à falta de chuvas, muitas usinas da região Centro-Sul, incluindo importantes unidades em cidades como Ribeirão Preto e Piracicaba, optaram por antecipar a colheita da cana. Essa decisão foi essencial para evitar perdas maiores nas plantações e para equilibrar a oferta, compensando parcialmente a queda de produtividade causada pela seca.
Segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Biotecnologia (UNICA), esse ajuste permitiu atender à demanda interna de etanol e açúcar, uma necessidade crucial, especialmente com a proximidade da entressafra.
Produtividade por hectare: impactos da seca e respostas do setor
A produtividade por hectare foi severamente afetada pela seca, com uma queda de aproximadamente 16% no rendimento médio em comparação ao ano passado. Para muitos produtores, isso representa uma das piores performances em anos, demonstrando o impacto direto das condições climáticas extremas na agricultura.
Embora o volume total de cana processada tenha se mantido elevado devido à antecipação da colheita, a baixa produtividade por hectare revela a urgência de buscar alternativas para sustentar a produção a longo prazo.
O setor tem investido em práticas como o uso de variedades mais resistentes e sistemas de irrigação em áreas estratégicas para mitigar os efeitos da seca, o que se mostra fundamental em estados como Goiás e Mato Grosso do Sul, onde as condições climáticas tendem a ser mais severas.
Qualidade da matéria-prima: altos índices de ATR apesar das adversidades
Apesar das adversidades climáticas, a qualidade da cana processada surpreendeu positivamente, especialmente no que se refere ao conteúdo de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR).
Esse crescimento se deve ao manejo criterioso da matéria-prima e à adaptação dos processos de colheita e transporte, que ajudaram a maximizar o potencial de cada tonelada colhida. Essa melhora na qualidade permite que a indústria mantenha a produção de açúcar e etanol em níveis competitivos, compensando parte da perda de volume e garantindo um produto final de alta qualidade.
A safra de cana-de-açúcar deste ano ilustra os desafios que o setor enfrenta com a variabilidade climática e a necessidade de adaptação contínua. Estratégias como a antecipação da colheita e o foco na qualidade da matéria-prima foram essenciais para que a produção no Centro-Sul do Brasil continuasse a atender ao mercado interno, especialmente no período de entressafra.
A UNICA ressalta a importância de investir em práticas agrícolas sustentáveis e em tecnologias que aumentem a resiliência das plantações frente às condições climáticas extremas. Para o futuro, monitorar o clima e adotar soluções inovadoras se mostram cruciais para garantir a sustentabilidade e a competitividade desse setor vital para a economia brasileira.