Árvores em perigo: como as cidades podem evitar tragédias e criar um futuro sustentável
São Paulo perdeu mais de 330 árvores após fortes tempestades, causando transtornos, mortes e prejuízos. Especialistas apontam falhas na manutenção e no planejamento urbano. Como as cidades podem evitar esses desastres e garantir um futuro sustentável?

Nos últimos dias, diversas cidades enfrentaram episódios marcantes que revelaram a fragilidade das árvores urbanas diante de eventos climáticos extremos. Em São Paulo, por exemplo, uma tempestade acompanhada por rajadas de vento de até 100 km/h e chuvas intensas derrubou mais de 330 árvores em diferentes bairros, com destaque para as regiões de Pinheiros, Vila Madalena, Sé e Butantã.
O impacto desses eventos trouxe à tona um problema recorrente, porém muitas vezes negligenciado: a falta de planejamento e manutenção adequada das árvores urbanas. Especialistas já vinham alertando sobre o risco iminente provocado por árvores doentes, envelhecidas ou malcuidadas.
As quedas recentes deixaram claro que, além dos danos materiais imediatos, a falta de uma política eficiente de arborização pode afetar gravemente a segurança da população e a infraestrutura urbana como um todo.
Causas das quedas: manutenção e doenças
As árvores urbanas frequentemente apresentam problemas estruturais e fitossanitários que as tornam vulneráveis. Muitas delas sofrem ataques de cupins, fungos ou outros organismos que corroem lentamente o tronco por dentro, formando cavidades internas que comprometem a resistência do vegetal. Esses problemas geralmente não são visíveis externamente, dando a falsa impressão de que as árvores estão saudáveis.

Quando submetidas a ventos fortes, elas acabam tombando facilmente, provocando acidentes graves. Além disso, um fator determinante é a manutenção inadequada da arborização. A falta de podas preventivas, remoção correta de galhos secos ou danificados e inspeções regulares permite que problemas pequenos se agravem rapidamente.

Sem intervenções preventivas constantes, árvores com potencial de risco vão acumulando danos estruturais até que uma tempestade ou ventania forte resulte em quedas repentinas. Segundo especialistas, uma rotina mais eficiente de inspeções poderia reduzir significativamente essas ocorrências.
Árvores de grande porte precisam de áreas amplas para suas raízes crescerem e se fixarem com segurança, algo impossível em canteiros urbanos reduzidos e calçadas estreitas. Essa falta de espaço resulta em árvores com raízes superficiais e frágeis, predispondo-as a tombar durante chuvas fortes.
O futuro das cidades arborizadas
Para evitar tragédias e criar um ambiente mais sustentável, as cidades precisam repensar a forma como lidam com sua arborização urbana. Não basta apenas plantar árvores; é necessário garantir que elas sejam adequadas ao ambiente urbano e recebam os devidos cuidados ao longo dos anos.
Medidas essenciais incluem:
- Monitoramento e tecnologia: Implementação de sensores e equipamentos que detectam o estado de saúde das árvores, prevenindo quedas antes que se tornem perigosas.
- Espécies adequadas: Substituir árvores vulneráveis por espécies mais resistentes e adaptadas às condições urbanas e climáticas.
- Plano de manejo contínuo: Criar políticas de poda e manutenção regulares para evitar que árvores cresçam de forma descontrolada e fiquem suscetíveis a tombamentos.
- Integração com infraestrutura: Rever calçadas, redes elétricas e sistemas de drenagem para garantir que as árvores tenham um ambiente adequado para se desenvolverem sem interferências estruturais.
Adaptar as cidades para enfrentar eventos climáticos extremos tornou-se uma necessidade urgente. Em um cenário onde fenômenos meteorológicos tendem a ser cada vez mais frequentes e intensos, investir na resiliência urbana, com árvores mais resistentes, manutenção contínua e planejamento estratégico, é fundamental para proteger a segurança e qualidade de vida dos cidadãos. O futuro das cidades arborizadas depende de ações concretas hoje.