As operações no Canal do Panamá podem ser altamente prejudicadas pela falta de chuva
A escassez de chuvas obrigou autoridades do Canal do Panamá a alterar suas operações de passagem dos navios que utilizam a via interoceânica, em meio a uma crise no abastecimento de água que ameaça o futuro desta importante rota marítima.
A falta de chuvas fez com que as autoridades do Canal do Panamá, um dos canais interoceânicos mais famosos do mundo, tivessem que reduzir o tráfego de navios devido à redução da profundidade do canal, que conta com o fornecimento de água de dois lagos artificiais.
Os lagos Alhajuela e Gatún, localizados na província de Colón, Panamá, são os dois lagos artificiais que fornecem água para o Canal do Panamá, mas ambos estão ficando cada dia mais secos devido à escassez de chuvas na região. De acordo com a Autoridade do Canal do Panamá (ACP), o nível de Alhajuela caiu sete metros no período entre 21 de março e 21 de abril.
A água das chuvas acumulada nesses lagos é usada para mover os navios pelas eclusas, que funcionam como elevadores, elevando os barcos até 26 metros acima do nível do mar, para que assim possam atravessar a cordilheira e chegar ao outro lado do continente.
São 3 eclusas que compõem o canal e são responsáveis pela travessia das embarcações do Oceano Pacífico para o Atlântico (ou o contrário): Miraflores, Pedro Miguel e Gatún. A travessia de cada barco envolve cerca de 200 milhões de litros de água doce que desaguam no mar.
Essa é a quinta vez que a ACP teve que limitar a passagem de grandes embarcações nesta temporada de seca, que vai de janeiro a maio. Em 2019 a ACP entrou em alerta pelo mesmo problema, quando o abastecimento de água doce dos lagos caiu para apenas 3 bilhões de metros cúbicos, abaixo dos 5,25 bilhões necessários para operar o canal.
Os administradores do Canal do Panamá admitem que a escassez hídrica é a principal ameaça às operações do canal. Eles temem que algumas embarcações passem a privilegiar outras rotas, o que afeta os negócios do canal, já que as embarcações maiores pagam as taxas mais altas para atravessar.
A escassez de chuvas também tem provocado problemas no abastecimento de água, já que a bacia do Canal do Panamá também fornece água para grande parte da população do país. As autoridades temem pelo futuro, já que o problema da escassez hídrica deverá aumentar com os efeitos das mudanças climáticas, a chegada do El Niño neste ano e o crescimento populacional do país, que deverá aumentar a demanda hídrica.
Canal do Panamá: o que é e por que tão importante?
O Canal do Panamá é um canal marítimo artificial de 82 quilômetros que corta o Panamá, na América Central, que liga os oceanos Pacífico e Atlântico. A construção do canal demorou anos e foi finalizada no ano de 1914, sendo um grande marco da engenharia do século 20.
Por se tratar de uma via estratégica para o comércio marítimo global, sendo o caminho mais curto entre a Ásia e a porção leste das Américas, facilitando também o acesso à Europa, 15 mil navios passam pelo canal por ano, cerca de 6% do transporte marítimo global. São navios de 170 nações distintas, mas em sua grande maioria vindas dos Estados Unidos, Japão e China.
Além de um grande facilitador do transporte marítimo global, o Canal do Panamá é uma importante fonte de renda, já que para as embarcações atravessarem o canal é preciso pagar um pedágio, que depende do tamanho da embarcação. No ano fiscal de 2022 , mais de 14 mil navios transportando 518 milhões de toneladas de carga passaram pelo canal, contribuindo com 2,5 bilhões de dólares para o tesouro panamenho.