Até 2030, os desastres naturais devem aumentar seus impactos em 50%
O novo relatório do Estado dos Serviços Climáticos diz que o mundo precisa aumentar rapidamente os investimentos em sistemas de alerta precoce para eventos climáticos extremos. Em 2030 o número de pessoas atingidas por desastres naturais pode aumentar 50%.
Segundo o relatório do Estado dos Serviços Climáticos 2020, os desastres relacionados às condições adversas do tempo, do clima e dos perigos relacionados à água, aumentaram significativamente nos últimos 50 anos. Mais de 11.000 desastres foram registrados nesse período, envolvendo milhões de mortes e trilhões de dólares em perdas econômicas.
Os eventos meteorológicos extremos aumentaram em frequência, intensidade e gravidade como resultado das mudanças climáticas. Em parte, os eventos extremos contribuíram no aumento dos registros de desastres em 5 vezes, atingindo comunidades mais vulneráveis e de forma desproporcional.
Em 2018, cerca de 108 milhões de pessoas em todo o globo precisaram da ajuda do sistema humanitário internacional em decorrência de tempestades, inundações, secas e incêndios florestais.
O relatório, produzido por especialistas de 16 agências internacionais, instituições financeiras e coordenado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), alerta que em 2030 o número de pessoas que serão atingidas por desastres naturais pode aumentar 50% a um custo de cerca de 20 bilhões de dólares por ano.
Diante desse possível cenário, os autores do relatório identificam onde e como os governos podem investir em sistemas eficazes de alerta, que fortaleçam a resiliência dos países a vários riscos relacionados as condições ambientais, principalmente nos mais vulneráveis.
Quase 90% dos Países Menos Desenvolvidos e Pequenos Estados Insulares, tem como prioridade investir em sistemas de alerta precoce. Esses países já perderam bilhões em desastres naturais nas últimas cinco décadas. No entanto, muitos deles não possuem a capacidade necessária e o investimento financeiro flui para outras áreas.
Apenas 40% dos 138 membros da OMM possuem Sistemas de Alerta Rápido de Riscos Múltiplos (SARRM) e 39% fornecem serviços de previsão de impacto. Isso significa que, em média, uma em cada três pessoas no planeta ainda não está protegida por sistemas de alerta.
A África enfrenta as maiores lacunas de capacidade para tomar ações antecipadas. As previsões de riscos cobrem pessoas apenas nos países onde há dados disponíveis, mesmo assim as redes de observações meteorológicas são frequentemente inadequadas. Em 2019, apenas 26% das estações em toda África atenderam aos padrões impostos pela OMM.
Embora a COVID-19 tenha dificultado a construção de sistemas de alertas precoce, devido à crise econômica e de saúde, é crucial considerar que as mudanças climáticas continuarão a representar uma ameaça contínua. A atenção da necessidade de ajudar os mais vulneráveis aos desastres naturais não deve ser desviada, disse o secretário geral da OMM.
Segundo o secretário geral da OMM, Petteri Taalas, a recuperação da pandemia pela qual o mundo enfrenta, é uma oportunidade para avançar em um caminho mais sustentável em direção à resiliência e adaptação às mudanças climáticas.
Recomendações Estratégicas
O relatório elaborou seis recomendações estratégicas para melhorar a implementação e eficácia dos sistemas de alerta precoce em todo o mundo:
- Investir para preencher as lacunas de capacidade dos sistemas de alerta precoce, particularmente nos países menos desenvolvidos da África e em pequenos Estados insulares.
- Concentre o investimento em transformar informações de alerta precoce em ação antecipada.
- Garantir o financiamento sustentável do sistema de observação global que sustenta os alertas antecipados.
- Rastreie os fluxos financeiros para melhorar a compreensão de onde esses recursos estão sendo alocados em relação às necessidades de implementação do sistema de aviso prévio e que impacto isso está tendo.
- Desenvolva mais consistência no monitoramento e avaliação para determinar melhor a eficácia dos sistemas de alerta precoce.
- Preencher as lacunas de dados, especialmente em pequenos estados insulares em desenvolvimento.
A COVID-19 colocou em risco os negócios de todos, é preciso levar essa compreensão e impulso para a luta global contra a emergência climática maior, mais forte e mais devastadora, ressaltou o representante especial do secretário-geral da ONU para redução de risco de desastres, Mami Mizutori.