Atletas olímpicos levados ao limite pelo calor no Japão
Como se competir nas Olimpíadas não fosse difícil o suficiente, exigindo o máximo da capacidade dos atletas, o calor extremo do verão japonês está tornando a vida dos atletas ainda mais difícil, forçando-os a competir em seu limite. Infelizmente, alguns colapsaram diante do calor.
As temperaturas têm ultrapassado a marca dos 30°C em Tóquio em praticamente todos os dias desde o início dos jogos olímpicos, e as temperaturas mínimas quase nunca ficam abaixo de 25°C. Para piorar, a umidade do ar se mantém elevada, contribuindo para a sensação de calor escaldante.
Essas condições têm levado muito dos atletas olímpicos ao seu limite, principalmente daqueles que praticam suas modalidades em ambientes externos durante o dia. A arqueira russa, Svetlana Gomboeva, desmaiou durante a prova de tiro com arco na sexta-feira (23) quando as temperaturas em Tóquio chegaram à marca de 34°C. Vários atletas também passaram mal na pista durante o triatlo masculino disputado na segunda-feira (26).
Na última quarta-feira (28), ao ser questionado pelo árbitro sobre suas condições durante uma partida no Ariake Tennis Park contra o italiano Fabio Fognini, o tenista russo Daniil Medvedev disse “Sou um lutador, posso terminar a partida, mas posso morrer”, e ainda questionou “Se eu morrer, quem vai assumir a responsabilidade?”. Estava 31°C na quadra no momento da partida, mas a sensação era de 37°C, condições nada ideais para a prática de esportes ao ar livre.
Mais tarde, no mesmo dia, a tenista espanhola Paula Badosa deixou a quadra após sofrer de insolação, sendo obrigada a deixar sua partida das quartas de final contra a tenista Marketa Vondrousova da República Tcheca. Depois da partida, Vondrousova admitiu que só foi capaz de suportar o calor durante a partida pois tomou precauções especiais, usando toalhas de gelo e tubos de ar para se refrescar.
Atletas do skate também reclamaram que o calor no Ariake Urban Sports Park já era insuportável às 9 da manhã, transformando o parque em uma fornalha e o concreto refletia a luz de maneira que ofuscava a vista, comprometendo o desempenho. Além disso, alguns skatistas também reclamaram que o calor estava amolecendo as juntas de borracha dos eixos das rodas do skate, tornando as pranchas mais difíceis de serem controladas.
Além dos atletas, cerca de 30 pessoas envolvidas na organização dos jogos, entre funcionários e voluntários, chegaram a ser tratadas após passarem mal devido ao calor.
Por que tanto calor em Tóquio?
O calor sufocante que Tóquio está registrando faz parte do “novo normal” climático da região. As altas temperaturas do verão boreal agora são impulsionadas pelo aquecimento da temperatura média do planeta e pelo efeito local gerado pela grande urbanização, a chamada ‘ilha de calor’.
As temperaturas dos últimos dias estão dentro da faixa de temperaturas observadas nos anos recentes, porém, estão bem acima daquelas registradas a décadas atrás. De acordo com um relatório da British Association for Sustainable Sport, a temperatura média de Tóquio subiu 2.86°C desde 1900, 3 vezes mais que a média global.
Com essas condições, os jogos de Tóquio têm o potencial de serem os mais quentes da história das Olimpíadas. Até então, as Olimpíadas mais quentes desde 1964 havia sido a de Atenas em 2004, de acordo com o relatório, com uma temperatura média diária de 27.6°C e máxima de 34.2°C, mas Tóquio poderá superar essa marca.