Atualização: Organização Meteorológica Mundial declara início do El Niño após 7 anos
Após sete anos sem sua atuação, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) declarou nesta terça-feira o início das condições de El Niño no Pacífico tropical. O fenômeno retorna podendo gerar recordes de temperatura em todo o planeta.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) publicou um comunicado nesta terça-feira, 4 de junho, em que declara o início de condições de El Niño no Pacífico tropical, como resultado de mudanças rápidas e substanciais nas condições oceânicas observadas nos últimos meses.
Após um período de sete anos, no qual tivemos um caso raro de ‘La Niña tripla’, agora o fenômeno El Niño retorna com tudo e, provavelmente, ele contribuirá ainda mais para o aumento da temperatura global.
Perspectivas futuras do fenômeno
A nova atualização da OMM prevê 90% de probabilidade do El Niño continuar durante o segundo semestre de 2023, e ele será, pelo menos, de intensidade moderada. Vale destacar aqui que essa atualização combina previsões e orientações de vários especialistas do mundo. O relatório destaca também que, sem exceção, são esperadas anomalias positivas de temperatura em todas as áreas terrestres do planeta.
O acoplamento entre o aquecimento no Pacífico equatorial central e oriental e a atmosfera sobrejacente mostrou uma força limitada até agora, mas espera-se que se fortaleça nos próximos meses, com base nas previsões do modelo da OMM.
O Secretário-Geral da OMM, Petteri Taalas, afirmou: “O início do El Niño aumentará muito a probabilidade de quebrar recordes de temperatura e provocar mais calor extremo em muitas partes do mundo e no oceano”. Com isso, ele acredita que alertas precoces e ações antecipadas frente a eventos extremos causados pelo El Niño são vitais para salvar vidas e meios de subsistência.
“Isso não quer dizer que nos próximos cinco anos iremos exceder o nível de 1,5°C especificado no Acordo de Paris, porque esse acordo se refere ao aquecimento de longo prazo por muitos anos. No entanto, é mais um alerta precoce de que ainda não estamos indo na direção certa para limitar o aquecimento dentro das metas estabelecidas em Paris em 2015, projetadas para reduzir substancialmente os impactos das mudanças climáticas”, disse o diretor de Serviços Climáticos da OMM, Chris Hewitt.
Uma observação: um relatório da OMM divulgado em maio deste ano previu que há 98% de probabilidade de que pelo menos um dos próximos cinco anos seja o mais quente já registrado, batendo o recorde de 2016, quando houve um El Niño excepcionalmente forte. Esse mesmo relatório também disse que há 66% de chances da temperatura global anual entre 2023 e 2027 ficar 1,5°C acima dos níveis industriais por pelo menos um ano. Algo preocupante!
Os impactos do El Niño
Durante o verão no Hemisfério Norte, as águas aquecidas podem alimentar os furacões no centro-leste do Pacífico, e impedir a formação de furacões na Bacia do Atlântico. Ainda, de acordo com esse último relatório, as previsões de chuvas nos próximos três meses são semelhantes a alguns dos impactos canônicos do El Niño.
Sabe-se que durante o El Niño, geralmente ocorrem chuvas acima da média no Sul do Brasil e condições mais secas que o normal (menos chuva) nas regiões Norte e Nordeste do país. Além disso, as temperaturas diárias ficam acima da média em todo o país.
Assim, a previsão é que a primavera e o verão sejam mais quentes, com chuvas abaixo da média em grande parte do país, enquanto a região Sul com altos acumulados, conforme já noticiamos aqui na Meteored Brasil.