Aumenta a chance da La Niña para o fim de 2021
De acordo com o Centro de Previsão do Clima dos EUA, as chances do retorno da La Niña para os próximos meses aumentaram e a expectativa é que permaneça ativa até o início de 2022. A La Niña deve influenciar o resto da temporada de furacões no Atlântico e o período chuvoso em boa parte do Brasil.
A última atualização da previsão do Climate Prediction Center (CPC), publicada em 16 de agosto, mostra ainda mais a confiança de que a La Niña pode se estabelecer na próxima primavera. Atualmente, a fase neutra está estabelecida e tem 60% de chance de permanecer até setembro com a La Niña emergindo entre agosto e outubro. A La Niña tem 70% de chance de permanecer ativa entre Novembro de 2021 e Janeiro de 2022.
As chances de ocorrência de um padrões climáticos La Niña aumentaram apenas algumas semanas antes do pico da temporada de furacões no Atlântico, o que pode levar a um resto de temporada muito agitado. Climatologicamente, o que desfavorece uma temporada de furacões (além de águas frias) é um forte cisalhamento do vento. A La Niña tende a prolongar a temporada de furacões, pois tende a reduzir o cisalhamento.
Além dos efeitos na temporada de furacões da bacia do Atlântico tropical norte, a chegada da La Niña entre o final da primavera e o início do verão do hemisfério sul também deve afetar a estação chuvosa nos estados do Sul e parte do Centro-oeste e Sudeste. Geralmente, anos de La Niña diminuem os acumulados totais de chuva dessa região devido ao enfraquecimento do transporte de umidade entre a Amazônia e o Centro-Sul.
Com a expectativa de uma estação chuvosa mais fraca, os estados do centro-sul do país podem ainda sofrer influência por outro fenômeno: o Dipolo do Oceano Índico (DOI). Na última semana, o DOI se estabeleceu em uma fase negativa e, apesar de representar os padrões de temperaturas superficiais do oceano Índico que está tão distante do Brasil, isso traz impactos via teleconexões.
Quando o DOI entra na fase negativa, geralmente há um favorecimento das chuvas no período da primavera entre o Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais. O estado do Rio Grande do Sul tende a registrar menores acumulados de chuva. Já no verão, o favorecimento das chuvas se desloca para o norte do centro-oeste, norte do sudeste e parte do nordeste. São Paulo, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul tendem a apresentar anomalias negativas de precipitação no verão na presença de uma fase negativa do DOI.
Ou seja, boa parte do centro-sul do país pode sofrer com a falta de chuvas entre o final de 2021 e o início de 2022 devido a configuração de La Niña + DOI negativo. Um fator que pode auxiliar no favorecimento das chuvas no centro-leste do país são as temperaturas do oceano Atlântico que devem ficar acima da média climatológica, porém não deve ser o suficiente para suprir o déficit de precipitação da região mais interna do continente.
Por outro lado, o cenário das chuvas é bastante favorável para os estados do norte e nordeste do Brasil. A La Niña e as águas quentes do oceano Atlântico tende a favorecer as chuvas na região. O DOI negativo geralmente desfavorece as chuvas no norte do nordeste, mas favorece entre a Bahia e no sul do Piauí nos meses de verão. Colocando esses fatores em uma “balança”, o cenário para o norte e nordeste pode ser animador.