Barreira do Tamisa: uma proteção essencial de Londres
No pico do inverno, a mitigação dos riscos associados à época do ano pode ser a diferença entre a vida e a morte de centenas de pessoas, bem como a prevenção de avultados prejuízos. Conheça mais sobre umas das formas de diminuir os riscos de inundações em uma das maiores cidades europeias, conosco!
A Barreira do Tamisa é uma construção que visa diminuir o risco de inundações na área urbana de Londres. Esta barreira é a segunda maior construção deste género no mundo, só suplantada pela Oosterscheldekering, um conjunto de barreiras e barragens que protegem grandes áreas dos Países Baixos da fúria do Mar do Norte.
Esta construção foi idealizada na década de 50, quando uma maré cheia do Mar do Norte invadiu vastas áreas dos Países Baixos e deixou um rasto significativo de destruição (mais de 2000 vítimas mortais), mas só foi concluída na primeira metade da década de 80 do séc. XX, a jusante do centro da cidade de Londres.
Curiosamente, esta barreira foi construída, não para proteger Londres do aumento de caudal do rio propriamente dito, mas sim dos efeitos das marés que ainda se fazem sentir com especial intensidade, naquela parte do rio. Assim, quando há necessidade de fechar a Barreira, a parte “mais cheia” será a jusante, ao contrário do que acontece em uma barragem convencional.
Deste ponto de vista, o dia de segunda-feira foi memorável, para não escrever histórico, já que a Barreira do Tamisa foi fechada pela 207ª vez desde o momento da sua inauguração. Assim, em um dia que já é muito conhecido por ser o Boxing Day, foi possível presentear os londrinos com uma imagem imponente, das comportas fechadas entre as 13:30 e as 17:30, de forma a conter as marés altas que estavam previstas e que se verificaram.
Efeitos em Londres e em outras capitais europeias
O centro urbano de Londres tem um longo historial de inundações, devido a múltiplos fatores (que estão interligados) nos quais se podem destacar: o efeito das marés; a evolução da malha urbana (muitas vezes desorganizada); a crescente impermeabilização dos solos e a canalização de cursos de água.
No início do ano 1928, fruto de um evento de frio extremo que provocou uma intensa queda de neve, algumas ruas de Londres viram-se subitamente com pelo menos 5 metros de água, tendo provocado milhares de desalojados e dezenas de vítimas mortais, na sua maioria população desfavorecida.
Já no verão deste ano, chuvas fortes em pleno agosto provocaram inundações repentinas em certas vias de Londres, felizmente só com danos patrimoniais. Apesar de nestas duas situações o efeito das marés não ser o fator principal, é um fator igualmente a ter em conta já que interfere na capacidade de escoamento dos vários cursos de água que cruzam a cidade.
Outra das capitais que é igualmente vulnerável a estes fatores é Lisboa, como se pôde verificar por várias vezes durante o mês de dezembro, em particular na zona de Alcântara, junto ao Rio Tejo.
Apesar do poder local ter em andamento um ambicioso Plano de Drenagem, que pretende responder de forma eficaz a eventos cada vez mais frequentes de precipitação intensa, seria interessante averiguar o potencial da conjugação com uma obra de engenharia, idêntica à Barreira do Tamisa, que permitisse otimizar os canais de escoamento da cidade no Rio Tejo.