Brasil central enfrenta seca severa e a previsão para os próximos meses indica piora significativa
A seca severa atinge a região Norte e Centro-Oeste do Brasil, com incêndios no Pantanal e quedas no nível dos rios. A previsão é de pouca chuva para os próximos meses, o que pode piorar a estiagem no centro-norte.
A região Norte do Brasil está enfrentando mais uma seca extrema que coloca em risco a logística e acesso a serviços básicos de saúde, principalmente nas comunidades ribeirinhas, uma vez que os níveis dos rios estão muito baixos. A região Centro-Oeste também está vivenciando um cenário preocupante, com os incêndios florestais que assolam o Pantanal.
Embora o fogo seja parte dos ciclos naturais do Pantanal, a intensidade e a frequência dos incêndios aumentou significativamente nos últimos anos, e em 2024 a temporada de fogo chegou antes do esperado.
Por outro lado, no Norte do país, 209 cidades decretaram situação de emergência no primeiro semestre deste ano devido à seca que assola a região, principalmente nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. O Rio Negro desceu 27 centímetros nos primeiros dez dias de julho, na capital Manaus, em decorrência das anomalias negativas de precipitação, como mostra a última atualização do Monitor de Secas.
Monitor de Secas mostra piora dos índices no centro-norte do Brasil
O Monitor de Secas é utilizado para monitorar os períodos de estiagem no Brasil, capaz de acompanhar a continuidade de secas e o grau de severidade com impactos associados, que podem gerar prejuízos incalculáveis. Ou seja, é observado o surgimento, desaparecimento, evolução e involução do fenômeno de seca em todo o Brasil, mas vamos focar nas regiões Norte e Centro-Oeste.
Na Região Norte foi observado avanço da seca grave (S2) no centro-sul do Amazonas, além do agravamento da seca no Acre, que passou de seca fraca (S0) para moderada (S1) no centro do estado, e de moderada para grave no nordeste do estado. Mas por outro lado, houve melhora dos índices nos estados do Pará e Roraima.
Houve avanço da seca moderada no nordeste de Goiás, seca grave no Mato Grosso e no noroeste do Mato Grosso do Sul. Mas também houve melhora dos índices no oeste do Mato Grosso, que passou de extrema para grave no mês de junho.
Baixo acumulado de chuva: seca pode se agravar nos próximos meses
Segundo o modelo de confiança da Meteored Brasil, o ECMWF, entre 22 e 29 de julho, são previstos poucos acumulados de precipitação em grande parte do país, incluindo o Centro-Oeste e Norte. Estados como Amazonas, Acre, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul podem sofrer piora nos índices de seca por causa da anomalia negativa de chuva prevista para as próximas semanas.
A expectativa é de tempo seco com temperaturas elevadas devido à atuação de um bloqueio atmosférico, que impede o avanço normal das frentes frias e outros sistemas meteorológicos.
Na semana seguinte, entre 29 de julho e 05 de agosto, o modelo mostra uma irregularidade de chuvas no centro-sul do país e anomalias negativas de chuva na porção mais ao norte, entre as regiões Nordeste e Norte. Isso significa que teremos pouquíssimo ou nenhum acumulado de chuva, mas vale lembrar que quanto maior a extensão da previsão, maior a incerteza do modelo.
E a tendência para os próximos meses, pelo menos até outubro, é de tempo seco com anomalias negativas de precipitação na porção norte do Brasil e irregularidade de chuvas no centro-sul. O cenário é preocupante, uma vez que o centro-norte do país está passando por situações de seca severa antes do esperado, e a perspectiva para os próximos meses não é otimista. E o tempo mais seco no centro-norte do país virá acompanhado de temperaturas elevadas