Brasil envia sementes para o Banco Mundial na Noruega!
Pela terceira vez o Brasil vai depositar sementes de importantes culturas no Arquipélago Svalbard, na Noruega. As caixas já foram remetidas para a Europa pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
O Svalbard Global Seed Vault é uma estrutura de concreto que foi construída em 2008 dentro de uma montanha coberta de gelo permanente, na ilha de Spitsbergen, no Arquipélago Norueguês de Svalbard. Essa estrutura tem como objetivo evitar a perda do patrimônio botânico mundial, garantindo a diversidade genética das culturas, pois abriga sementes do mundo todo.
Nele existem mais de um milhão de espécies e variedades de sementes relevantes para a nutrição animal e humana, que chegam de todo o mundo e são mantidos a uma temperatura constante de -18°C. Nesse contexto também são preservadas espécies experimentais, com a finalidade de serem resilientes às mudanças climáticas ou aumentar o rendimento das culturas.
No mês que vem, o setor de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) vai mandar, pela terceira vez, sementes de frutíferas nativas, forrageiras e soja para o Banco Mundial de Sementes da Noruega.
O anúncio foi feito pela cientista Dra. Rosa Lia Barbieri, da Embrapa Clima Temperado, durante o XXI Congresso Brasileiro de Sementes (CBS), que aconteceu nesse mês no Paraná, e é considerado o maior fórum de discussão e tecnologia de sementes da América Latina. De acordo com ela, dessa vez serão 370 amostras de sementes representativas de diferentes populações de uma mesma espécie, com 500 sementes em cada amostra.
As frutíferas nativas e forrageiras serão armazenadas como cópias de segurança. Já a soja será utilizada em um “experimento sobre a longevidade de sementes em 100 anos”, em inglês conhecida como “100 Year Seed Longevity Experiment”, direcionado pelo Nordic Genetic Resource Center (NordGen) da Suécia.
Esse projeto consiste na análise de treze culturas, originárias da Alemanha, Brasil, Índia, Portugal e Tailândia, durante o período de cem anos. Tal experimento é um pontapé interessante para os pesquisadores das gerações futuras.
Do Brasil: em 2012 foram enviadas 541 amostras de arroz e 264 de milho. Em 2014 foram mais de 514 amostras de feijão. E em 2020 totalizaram 3443 amostras, sendo 68 cucurbitáceas (abóboras, maxixe, melancia, melão, morangas e pepino), 87 de milho, 119 de cebola, 132 de pimentas e 3037 de arroz.
De acordo com a cientista Dra. Vania Azevedo, líder do Programa de Biodiversidade para o Futuro e líder do Banco de Germoplasma do International Potato Center (CPI) do Consultative Group on International Agricultural Research (CGIAR), o Brasil preenche a oitava posição (de 20) dos países com maiores bancos de sementes do mundo.
Segundo também divulgado na Revista Cultivar, o CGIAR possui aproximadamente 800 mil amostras, sendo que 88% delas são conservadas na forma de sementes. A ideia consiste, principalmente, no desenvolvimento da agricultura em países de baixa renda, já que os países que mais demandam material do CGIAR são Etiópia, Índia, Marrocos, México, Nigéria e Peru.
Resultados obtidos com estudos recentes:
Após passar por um aprimoramento nos Estados Unidos, um estudo feito com o amendoim (Arachis cardenasi) na Bolívia, demonstrou resistência para as linhas de pesquisa, indicando que as diversas variedades lançadas no mundo inteiro carregavam esse gene originário, mesmo depois de longos anos.
Outro estudo feito com duas variedades lançadas em Uganda indicou que uma delas apresentava cerca de 72% do seu genoma procedente de uma amostra do Banco de Germoplasma, gerando um valor crescente na produtividade do país, mostrando a relevância que esse banco pode causar na agricultura.
Esses estudos enfatizam a importância da constante manutenção das amostras nos Bancos de Germoplasma para alimentação, agricultura e pesquisa.