Brasil lidera expedição internacional que dará a volta na Antártica; navio partirá do Rio Grande do Sul

O Brasil lidera a expedição internacional que vai contornar a Antártica para pesquisar os efeitos das mudanças climáticas. O navio partirá da costa do Rio Grande do Sul. Veja aqui mais detalhes.

acampamento de pesquisadores na Antártica
Acampamento de pesquisadores brasileiros em expedição na Antártica em janeiro de 2023. Crédito: Centro Polar e Climático/UFRGS/Divulgação.

Uma expedição com pesquisadores de vários países e liderada pelo Brasil dará a volta na Antártica com a finalidade de coletar dados do gelo marinho de dados atmosféricos para futuras pesquisas. O navio quebra-gelo russo que os levará vai partir da Região Sul do Brasil, mais especificamente do litoral do estado do Rio Grande do Sul, carregando 61 cientistas no total.

O objetivo principal dessa expedição é estudar o impacto das mudanças climáticas nas geleiras e nos ecossistemas do continente antártico. Veja mais informações abaixo.

Expedição internacional ao continente branco

A Expedição Internacional de Circum-Navegação Costeira Antártica terá uma tripulação de cerca de 140 pessoas, das quais 61 são pesquisadores da Argentina, Chile, China, Índia, Peru, Rússia e Brasil; e destes, 27 são cientistas brasileiros, liderando a expedição.

O principal objetivo da expedição é estudar o impacto das mudanças climáticas nas geleiras e nos ecossistemas do continente antártico.

A expedição percorrerá mais de 20 mil quilômetros ao redor da Antártica e tentará chegar o mais perto possível da frente das geleiras na costa do continente. A tripulação parte na próxima sexta-feira (22) do Porto de Rio Grande, litoral do Rio Grande do Sul, e deve permanecer em missão durante 60 dias, até o dia 25 de janeiro de 2025. Eles irão a bordo do navio quebra-gelo científico russo Akademik Tryoshnikov.

Navio quebra-gelo russo Akademik Tryoshnikov
Navio quebra-gelo russo Akademik Tryoshnikov que levará os cientistas a bordo para a expedição ao redor da Antártica. Crédito: Divulgação.

Serão coletadas amostras do manto de gelo e de seu entorno, que permitirão a realização de estudos sobre os impactos das mudanças climáticas nas geleiras e nos ecossistemas costeiros da Antártica, e o mapeamento dos hotspots da biodiversidade marinha.

O navio também carregará dois helicópteros, que sairão para realizar sobrevoos e ajudar quem precisar desembarcar para trabalhar em solo no continente.

Dados para estudar os impactos das mudanças climáticas

Como já dissemos, a expedição é liderada pelo Brasil, e terá a coordenação do pesquisador Jefferson Cardia Simões do Centro Polar e Climático (CPC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Segundo ele, o pioneirismo desta nova expedição está no fato de ela ser realizada o mais perto possível da costa da Antártica.

A expedição multidisciplinar vai coletar amostras do ambiente biológico e físico da Antártica, entretanto, o objetivo principal é analisar a estabilidade das plataformas de gelo e do manto de gelo diante das mudanças climáticas atuais, e o que isso pode representar em termos de aumento do nível dos mares.

trajetória da expedição
Trajetória da viagem da expedição ao redor da Antártica. Crédito: Leandro Maciel.

Simões comenta que um ponto importante da expedição é a colaboração em diferentes projetos para medir características em vários lugares na Antártica, porque o oceano austral está se tornando mais ácido, menos salino e mais quente.

Uma plataforma de gelo é uma massa de gelo enorme, espessa e flutuante que se forma quando um glaciar ou um manto de gelo fluem até a linha de costa, se estendendo pela superfície do oceano.

Além disso, segundo Francisco Eliseu Aquino, professor do Departamento de Geografia da UFRGS que também participará da expedição, a viagem permitirá estudar o ciclo hidrológico examinando as conexões entre a região tropical e a Antártica. “Também faremos perfurações na neve e gelo para investigar a variabilidade do clima e da química da atmosfera ao longo dos últimos 100 anos”, disse ele.

A expedição é 97% financiada pela fundação suíça Albédo Pour la Cryosphère, dedicada ao estudo e à preservação da massa de neve e do gelo planetário, e também tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do RS (Fapergs).

Referências da notícia:

Super Interessante. “Brasil lidera expedição internacional que dará a volta na Antártica”. 2024

Correio do Povo. “Brasil lidera expedição que contornará a Antártica para pesquisar efeitos das mudanças climáticas”. 2024.

Academia Brasileira de Ciências. “Brasil lidera maior circum-navegação científica da Antártica”. 2024.