Brasil vive situação hídrica preocupante
Grande parte do Brasil, especialmente o Centro-Sul, recebeu um volume de chuvas muito abaixo do esperado nos últimos meses. Esse déficit de precipitação colocou os principais reservatórios de abastecimento e geração de energia do país em níveis preocupantes!
Enquanto alguns estados do Norte do Brasil vivem o drama das cheias históricas de seus rios, com o excesso de águas causando grandes prejuízos sociais e econômicos, outras partes do Brasil vivem o drama oposto, o da estiagem!
Grande parte do país, principalmente o Centro-Sul, recebeu um volume de chuvas bem aquém do esperado nos últimos meses. A situação de estiagem fica evidente quando observamos o Índice de Precipitação Padronizado (SPI), que indica déficit (em vermelho) ou excesso (em verde) de chuva em diferentes escalas de tempo:
O SPI dos últimos 3 meses mostra que grande parte da Região Sul, praticamente todo o estado de São Paulo, Mato Grosso do Sul e o sul dos estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais registraram condições de seca extrema. Entretanto, em algumas regiões, como grande parte de São Paulo e Mato Grosso do Sul, essa condição de seca persiste por pelo menos 48 meses, ou seja, desde abril de 2017!
A estiagem nessas regiões ameaça tanto o abastecimento de água quanto o de energia, já que cerca de 70% da matriz energética do Brasil é gerada por usinas hidrelétricas e grande parte dessas usinas estão situadas no Centro-Sul do país!
Panorama Energético
Na semana passada o Sistema Nacional de Meteorologia emitiu um Alerta de Emergência Hídrica para cinco estados brasileiros que compõem a Bacia Hidrográfica do Paraná, uma das mais importante do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, são eles: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. O alerta foi emitido devido à escassez de chuvas na região e prevalecerá durante todo o período seco, do mês de junho a setembro deste ano.
O subsistema Sudeste/Centro-Oeste é o principal para o armazenamento de água e geração hidráulica do SIN. De acordo com os últimos dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), esse subsistema opera atualmente com um nível de armazenamento de 32,18% e sua condição hídrica é uma das piores desde o início dos registros, em 1931.
Diante da situação alarmante, o governo federal decidiu acionar todas as usinas termelétricas disponíveis, além de importar eletricidade do Uruguai e da Argentina, para garantir o suprimento de energia e minimizar a possibilidade de racionamento. Entretanto, essas medidas acarretaram num aumento no custo da energia nos próximos meses. O consumidor já sente isso através da bandeira vermelha nas tarifas de luz.
Abastecimento de água
Em diversas cidades das regiões Sul e Sudeste o racionamento de água já é uma realidade. Em artigo anterior, foram apontados alguns municípios do Estado de São Paulo que enfrentam o racionamento, como o caso de Bauru, São José do Rio Preto, Rio das Pedras e Santa Cruz das Palmeiras.
Juntos, os 7 reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo estavam com 55,8% de sua capacidade nesta segunda-feira (31), o menor valor desde 2016, ano em que o sistema ainda estava se recuperando da crise de 2014. O sistema Cantareira, o principal deles, opera em estado de “atenção” desde o dia 15 de janeiro de 2021 e hoje está com um volume de 47,7%.
No Paraná, Curitiba e sua região metropolitana estão sob um sistema de rodízio de água. No Rio Grande do Sul, 130 municípios estão em situação de emergência devido à estiagem, cidades como Bagé e Chapecó já iniciaram um esquema de racionamento de água para tentar garantir o abastecimento da população.