Buraco de ozônio de 2021 é maior que a Antártica!

Bem no Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio, comemorado no dia 16 de setembro, a Copernicus divulgou dados preocupantes: o buraco na camada de ozônio desse ano já atingiu uma área maior que a Antártica!

Buraco camada de ozônio 2021
Os registros feitos por satélites do programa Copernicus mostram que a extensão do buraco da camada de ozônio já ultrapassou o tamanho do continente Antártico. Fonte: Copernicus/ECMWF.

Com a aproximação da primavera, os olhos do mundo se voltam para a Antártica, para observar a evolução e desenvolvimento de um importante fenômeno que ocorre todos os anos e tem profundos impactos na vida terrestre, o buraco na camada de ozônio atmosférico.

O buraco na camada de ozônio de 2021 está agora entre os 25% maiores em nossos registros desde 1979, mas o processo ainda está em andamento. (Vincent-Henri Peuch, diretor Serviço de Monitoramento Atmosférico Copernicus)

Todo início de primavera, com os primeiros raios solares retornando ao pólo sul, inicia-se um processo de destruição do ozônio concentrado na estratosfera, processo impulsionado e acelerado com a presença de substâncias químicas resultantes de atividades humanas, como os clorofluorocarbonetos (CFCs). Essa drástica diminuição das concentrações de ozônio na estratosfera dá origem ao chamado “buraco de ozônio”.

Na última quinta-feira (16), Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio, o Serviço de Monitoramento Atmosférico Copernicus, da União Europeia, divulgou uma notícia não muito animadora: o buraco na camada de ozônio desse ano sobre a Antártica já está maior que o normal!

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Os pesquisadores da Copernicus disseram que após um início bastante normal, o buraco na camada de ozônio cresceu consideravelmente nas últimas duas semanas e agora é maior do que 75% dos buracos de ozônio formados nesse período desde 1979! O buraco já atingiu uma extensão de 23 milhões de km², extensão maior que o continente antártico!

O buraco desse ano segue um comportamento bem similar ao de 2020, que foi um dos maiores, mais profundos e duradouros da história! No ano passado, o buraco iniciou sua formação em meados de agosto e passou a crescer de forma excepcional a partir de setembro, até atingir seu máximo de 25 milhões de km² no dia 2 de outubro.

Um buraco de ozônio grande ou pequeno em um ano não significa necessariamente que o processo geral de recuperação não está ocorrendo conforme o esperado. (Vincent-Henri Peuch)

Os pesquisadores da Copernicus também alertam que o buraco desse ano ainda poderá aumentar nas próximas semanas, já que as condições atmosféricas sobre a Antártica continuam favoráveis a manutenção, aprofundamento e aumento do buraco, e o máximo geralmente é atingido entre meados de setembro e meados de outubro.

O buraco na camada de ozônio e a Oscilação Antártica

O comportamento do buraco na camada de ozônio também interessa, e muito, os previsores climáticos, já que há uma relação entre ele e uma importante oscilação atmosférica que rege as ondulações das latitudes médias, a Oscilação Antártica ou Modo Anular Sul!

Isso porque o comportamento do buraco de ozônio está diretamente ligado com a intensidade do vórtice polar. Assim como no ano passado, o buraco desse ano está sendo impulsionado por um vórtice polar forte, estável e bem frio. Essas condições frias da estratosfera acabam se propagando para a troposfera e esfriando a camada superior da troposfera, alterando os ventos de altos níveis em torno da Antártica.

Com esse resfriamento da troposfera superior, a fase positiva da Oscilação Antártica é favorecida, fase caracterizada por anomalias negativas de geopotencial em 500 hPa sobre a Antártica e positivas nas latitudes médias. Durante essa fase, geralmente temos uma maior formação de ciclones em torno da costa da Antártica e mais anticiclones em latitudes médias, impactando o regime de chuvas nessas regiões, incluindo o Sul do Brasil.