Chuva intensa resulta em mortes e desaparecimentos na Baixada Santista
A forte chuva que atingiu a Baixada Santista entre segunda e terça-feira dessa semana causou falta de energia, deslizamentos de terra e inundações severas. Até o momento, são 25 mortes confirmadas e ao menos 29 pessoas desaparecidas. Entenda os fatores atmosféricos por trás desse desastre natural.
A forte chuva, que começou na noite de segunda (2) e seguiu sem interrupções até a manhã de terça (3), deixou algumas cidades da baixada Santista em estado de atenção. Houve problemas no fornecimento de energia, desbarrancamentos e inundações, principalmente nas cidades de Guarujá, Santos e São Vicente. Até o momento, 25 mortes foram confirmadas em toda Baixada, e estima-se que 29 pessoas ainda estejam desaparecidas.
A cidade mais afetada foi Guarujá, que decretou estado de emergência nesta terça-feira. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), choveu em 12 horas 282 mm, sendo que a média climatológica de março é de 263,4 mm. A média climatológica é calculada com base no acumulado de precipitação dos último 70 anos, pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Já em Santos foram 218 milímetros de chuva em um período de 12 horas, quando a média climatológica de março é de 253,3 mm.
Solo encharcado
Os deslizamento de terra ocorreram em diversos pontos da baixada. Os deslizamentos são comuns em áreas de ocupação irregular derivada da falta de planejamento urbano e oportunidades de ocupações sociais. Na ocupação, os moradores retiram a vegetação deixando o solo desprotegido. Durante eventos de chuvas prolongados e/ou seguidos, o solo fica encharcado e se solta. A presença de raízes das vegetações minimizariam esse processo, mas de qualquer forma, encostas de morros são sempre áreas de risco de deslizamento.
O mês passado apresentou chuva acima da média em algumas localidades da Baixada Santistas, principalmente Guarujá e Santos. Em fevereiro choveu 592,9 mm no Guarujá - a média climatológica é de 201,9 mm - e 492,2 mm em Santos - média é de 203,2 mm. Esses acumulados de chuva no mês anterior encharcaram o solo, sem tempo suficiente para que ele secasse em sua totalidade antes da tempestade de segunda (2).
Ciclogênese na costa do RJ
Este evento de chuva foi causada pelo processo de desenvolvimento de um ciclone na costa do Rio de Janeiro. O nascimento de um ciclone é chamado ciclogênese, e no sudeste do Brasil é marcado pelo transporte de umidade e calor pelo vento. A ciclogênese contou com uma fonte extra de umidade da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), e uma região de temperatura de superfície do mar mais elevada, entre 25º e 26ºC, o que ajuda na formação de nuvens.
Vem mais chuva?
O ciclone extratropical se desloca para sudeste no oceano, se afastando da nossa costa nos próximos dias. Ainda é esperado que ele traga umidade do oceano, causando mais precipitação no litoral sudeste. A chuva não será tão forte quanto a do começo da semana, mas o estado é de alerta uma vez que o solo ainda está úmido. A Marinha do Brasil está com alerta de vento forte a moderado e agitação marítima na área oceânica próxima ao litoral sudeste do Brasil.
A previsão dos próximos 10 dias mostra uma calmaria, com a formação de um bloqueio atmosférico estimulado pela tendência positiva da Oscilação Antártica. No entanto, o meteorologista do CEMADEN, William Minhoto fala que a segunda quinzena de março pode apresentar mais chuvas para a região [UOL].