Chuvas em Pernambuco: aumenta para 129 mortes após novos deslizamentos

As chuvas não deram trégua neste início de junho e novos deslizamentos provocaram feridos e vítimas fatais no estado de Pernambuco. Além disso, o número de óbitos aumentou para 129.

Pernambuco
Trabalho em Recife, após chuvas que atingiram Pernambuco. Foto: Diego Nigro/REUTERS

Desde o final do mês de maio, as chuvas não trouxeram trégua para o estado de Pernambuco. Nesses primeiros 7 dias de junho os acumulados já passam dos 200 mm no leste pernambucano, principalmente na região metropolitana de Recife, na qual a média mensal de 130 mm já foi ultrapassada na primeira semana do mês.

Nesta terça-feira, 07 de junho, o número de mortos pelas chuvas subiu para 129 no estado de Pernambuco.

Apesar das chuvas de fraca a moderada intensidade, devido ao solo extremamente úmido, novos deslizamentos ocorreram na costa pernambucana. No Litoral Sul, na comunidade do Oitizieiro, em Tamandaré, no início da manhã de hoje (07), uma barreira deslizou, atingindo pelo menos duas casas e deixando feridas 7 pessoas de uma mesma família. Segundo a Secretaria de Saúde de Tamandaré, 3 pessoas tiveram fraturas e se encontram em estado grave.

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Barreira que deslizou no Alto Santa Terezinha, Zona Norte do Recife. Foto: Reprodução/TV Globo

Em Recife mais uma vez as consequências foram trágicas. O deslizamento de uma barreira na madrugada desta terça-feira (07) provocou a morte do adolescente Lucas Daniel Nunes da Sul, de 14 anos, que primeiramente foi socorrido com vida, mas chegou a óbito durante o trajeto para a Unidade de Pronto-Atendimento de Nova Descoberta, na Zona Norte da capital. Mais 3 pessoas ficaram feridas neste trágico ocorrido.

Com o óbito de Lucas, subiu para 129 o número de mortos provocados pelas chuvas desde o dia 28 de maio, que acumularam mais 300 mm em Recife e mais 400 mm pontos mais ao norte da capital.

Chuvas continuam no leste do Nordeste

Para os próximos dias não há previsão de chuvas extremamente volumosas. No entanto, os ventos de leste, que transportam umidade para a costa, continuam atuando. Assim, há previsão de chuvas de fraca a moderada intensidade desde o norte da Bahia até o Rio Grande do Norte nos próximos 10 dias.

Nos próximos 10 dias as chuvas podem acumular mais 100 mm, o que mantém o risco para novos deslizamentos, uma vez que o solo se encontra muito úmido.

Mesmo com o baixo volume diário, eventos mais intensos em período do dia podem acontecer. No entanto, o estado de Sergipe e o leste de Pernambuco é a região onde as chuvas serão mais persistentes e onde os acumulados em 10 dias pode superar os 100 mm e, assim, manter o risco para novos deslizamentos de terra.

Por que está chovendo tanto no leste do Nordeste?

Além da atuação do fenômeno La Niña, que contribui para não haver movimento descendente sobre o centro-norte do Brasil, ou seja, não há na maior parte do tempo ar descendo sobre o Nordeste e inibindo a formação de nuvens de chuva. O que é o contrário de pensar que o La Niña favorece a precipitação, mas na verdade o fenômeno não atrapalha.

O principal fator são as água mais aquecidas na porção norte do Atlântico Sul, que aumentam a umidade do ar e, juntamente com a circulação de leste, que é mais intensa nesta época do ano em virtude da aproximação da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), há um transporte mais efetivo de umidade para o continente e, consequentemente para a ocorrência de chuvas. Essa condição se mantém pelo menos ao longo de todo o mês de junho.