Chuvas no final do período chuvoso ajudaram na recuperação dos reservatórios da bacia do São Francisco
Bacia do São Francisco apresentou uma boa melhoria neste final do período úmido, assim como outros reservatórios do Nordeste. Veja a previsão para as próximas semanas, na transição do período chuvoso e seco.
Estamos no fim do período chuvoso de uma das maiores bacias hidrográficas do Nordeste, a do São Francisco! Seu período seco compreende os meses de abril a setembro e o período chuvoso entre outubro a março. O subsistema Nordeste apresentou uma boa recuperação neste finalzinho do período chuvoso, aos 45 do segundo tempo, impulsionada pelas recentes chuvas provocadas pela intensa atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), e também pela Zona de Convergência do Atlântico Sul, na porção do alto São Francisco.
Boa notícia: recuperação dos reservatórios no Nordeste após as recentes chuvas
Desde março de 2023, a Energia Armazenada (EAR) no subsistema Nordeste, estava apresentando uma diminuição dos valores, devido ao déficit de chuvas dos últimos meses, e atingiu o menor nível de EAR em dezembro do ano passado 48.91%. Vale lembrar que neste último mês de 2023, o El Niño atingiu a sua maior intensidade com valores de anomalia de Temperatura de Superfície do Mar (TSM) acima de 2°C, sendo considerado um dos cinco mais fortes já registrados, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Mas a partir de janeiro deste ano, o subsistema Nordeste apresentou uma alta recarga dos reservatórios da região, que pode nos colocar em uma situação mais confortável no início do período seco, quando os reservatórios irão naturalmente abaixar devido a menor ocorrência de chuvas.
No alto do São Francisco, em Três Marias, o volume útil passou de 59,9% em março/24 para 66,4% na última atualização de abril, assim como Sobradinho e Itaparica, que registraram aumento no volume útil. Por outro lado, é importante frisar que os níveis de EAR neste primeiro trimestre de 2024 são inferiores aos valores registrados nos anos anteriores, de 2023 e 2022.
Em termos climatológicos, o mês de março foi caracterizado por chuvas acima da média em boa parte do país, principalmente na região Nordeste. Em quase toda a extensão da Bacia do São Francisco foram observadas chuvas acima da normal climatológica, com acumulados de 300 mm nas proximidades do alto São Francisco, no estado de Minas Gerais.
Como já noticiamos aqui na Meteored Brasil, os recentes acumulados de precipitação trouxeram alguns prejuízos mas também trouxeram alegria aos moradores da região.
O Açude Gargalheiras, localizado no Seridó do Rio Grande do Norte, transbordou depois de 13 anos e foi motivo de muita festa na cidade de Acari na última quarta-feira (3). No estado do Ceará, cerca de 39 açudes transbordaram e o açude de Umari, localizado em Madalena, “sangrou” pela primeira vez depois da sua inauguração em 2011.
Projeções para a transição entre o período úmido e o seco da bacia do Velho Chico
Mas o que todos querem saber é se as chuvas vão continuar na região Nordeste. Segundo as projeções do modelo ECMWF, entre 8 e 15 de abril, as chuvas elevadas devem predominar no litoral norte da região, desde o Maranhão até o Rio Grande do Norte, assim como na porção interiorana do Piauí, norte da Bahia e Ceará.
Na semana seguinte, de 15 a 22 de abril, a previsão indica um panorama mais otimista para a região Nordeste, inclusive na extensão da bacia do São Francisco, com chuvas elevadas durante essa semana. Tais condições ajudam a manter os níveis dos reservatórios para então se preparar para o período seco, que começa em abril e vai até setembro.
As premissas de defluências estabelecidas pela Agência Nacional de Águas (ANA), visando a preservação dos recursos armazenados e o atendimento das condições energéticas do sistema, dependem do panorama de precipitação da região. Vale lembrar que essas previsões, por serem de longo prazo, podem apresentar incertezas e mudarem em rodas futuras do modelos.