Ciclone extratropical provoca chuva, vendaval e muitos prejuízos no Sul do Brasil

Um ciclone extratropical provocou temporais com chuva volumosa e ventos fortes entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A região Sul já havia registrado muita chuva com a passagem de uma frente fria e os prejuízos foram enormes.

ciclone extratropical
Ciclone extratropical atinge o Sul do Brasil os dias 15 e 16 de junho, provocando chuva torrencial e ventos acima de 100km/h.

A semana foi marcada por muitas instabilidades que atingiram e mudaram o tempo de forma brusca em áreas do centro-sul do Brasil. Tudo começou com o avanço de uma frente fria nos últimos dias, em que o sistema provocou chuva volumosa em áreas da região Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste.

Até meados da semana, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), os volumes registrados já haviam passado dos 40 milímetros em áreas do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná. No Mato Grosso do Sul e no oeste de São Paulo, a chuva ganhou intensidade e volumes acima de 70 milímetros foram registrados entre a quarta (14) e a quinta-feira (15).

A frente fria seguiu avançando pelo centro-sul do país e diferente do que acontece normalmente, em que uma trégua da chuva ocorre associada ao avanço de uma massa de ar seco e frio por conta de uma área de alta pressão atmosférica, o tempo continuou muito fechado e chuvoso, aliás, a chuva voltou a ganhar ainda mais intensidade nesta última quinta-feira (15) por conta da formação de um ciclone extratropical na costa da região Sul.

Ciclone extratropical provoca prejuízos no Sul

Como se já não bastasse a frente fria que já havia provocado muita chuva e queda nas temperaturas desde o início da semana, um ciclone extratropical se formou e ganhou intensidade nesta quinta-feira (15), o que gerou um alto volume de precipitação em áreas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Segundo as estações meteorológicas automáticas do INMET, foram registrados mais de 200 milímetros em apenas 24 horas em solo gaúcho.

Campo Bom foi a cidade gaúcha mais atingida pela chuva com 207 milímetros em apenas 24 horas, o que é mais do que a média climatológica esperada para o mês de junho inteiro. O resultado não poderia ser diferente, muitos transtornos com relação a alagamentos, deslizamentos de terra e prejuízos somados. Teve muita chuva também em Teutônia com 146 milímetros, um pouco mais que a capital Porto Alegre que também foi muito atingida com cerca de 142 milímetros de chuva em apenas 24 horas.

Com a chuva expressiva, rodovias foram bloqueadas com deslizamentos de terra principalmente no litoral norte gaúcho. Em Três Cachoeiras, uma parte da pista da BR-101 ficou totalmente bloqueada por cerca de 1 hora devido aos alagamentos. Em Carlos Barbosa houve um deslizamento de terra na ERS-446, o que deixou o trânsito bloqueado e até o momento não foi liberado por segurança. Outro bloqueio aconteceu em Venâncio Aires na ERS-422 por conta de um deslizamento de terra que interditou a pista por completo em ambos os sentidos.

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Ruas viraram rios em Praia Grande (Foto: PMPG/Divulgação)

Em Santa Catarina também choveu muito por conta do ciclone extratropical e a cidade mais atingida pelo alto volume foi Araranguá com 60 milímetros nas últimas 24 horas. A chuva no sul catarinense acabou isolando comunidades devido às ruas alagadas, além de provocar interdições na serra e desabrigar muitas famílias. Na noite desta quinta-feira (15), as comunidades Pintada, Mãe dos Homens, Pedra Branca e Fortaleza ficaram isolada no município de Praia Grande que foi tomada por muita chuva e lama por todo lado. Os deslizamentos de terra não ficaram restritos ao sul do estado, e em Florianópolis a chuva também provocou transtornos.

Como se não bastasse todo o volume de chuva provocado pelo ciclone, o sistema também é muito conhecido por seu potencial de ocasionar vendaval, o que de fato aconteceu. Entre a madrugada e a manhã desta sexta-feira, foram registradas rajadas de vento de 112 km/h em Bom Jardim da Serra (SC), de 102 km/h em Tramandaí (RS) e de 88 km/h em Mostardas (RS).

Como fica o tempo nos próximos dias

Até o final desta sexta-feira (16) o alerta é mantido no Sul do Brasil, porque mesmo que mais afastado o ciclone ainda pode provocar mais chuva e ventos ao longo do dia. São esperadas rajadas acima de 70 km/h na faixa leste do Rio Grande do Sul e no sul de Santa Catarina, não se descartando a possibilidade para mais transtornos como queda de árvores e postes de energia, além do destelhamento de casas no litoral. Além disso, a Marinha do Brasil emitiu alerta para ressaca com ondas de até 3,5 metros de altura entre Rio Grande (RS) e Florianópolis (SC) até a tarde deste sábado (17).

A chuva começa a perder intensidade e para o final de semana, a previsão já é de tempo firme em praticamente toda a região Sul devido ao avanço de uma massa de ar seco e frio. Aliás, depois da chuva intensa e dos ventos fortes, a queda na temperatura volta a ganhar destaque nesses últimos dias do outono. Geadas podem acontecer já na próxima madrugada em áreas mais altas da serra catarinense, mas é mesmo na madrugada de domingo (18) que são esperadas temperaturas abaixo de 3°C desde a serra gaúcha até o planalto paranaense, ou seja, as geadas podem ser mais abrangentes.

Esse tempo firme, ao que tudo indica, também não será muito duradouro, pois logo no início da próxima semana, a tendência é para a formação de uma nova frente fria que deve avançar pelos três estados no decorrer da próxima semana. Inclusive, o novo sistema pode provocar mais chuva volumosa na região, especialmente a partir da quarta-feira (21), com maiores acumulados esperados no norte do Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e principalmente no estado do Paraná, com volumes que podem chegar aos 80 milímetros.