Ciclone tropical Gati atinge a Somália

Nesse domingo (22) a Somália foi diretamente atingida pelo ciclone tropical severo Gati, que chegou ao continente com a força de um furacão de categoria 2, algo que nunca havia sido registrado na história desse país africano.

Ciclone Gati
Ciclone tropical Gati atingiu a Somália nesse domingo (22) com força equivalente à de um furacão categoria 2. Imagem: Satélite Meteosat.

Enquanto os oceanos Atlântico e Pacífico Norte experimentam um momento de tranquilidade, após semanas de sucessivas formações de tempestade e ciclones tropicais, agora é a vez do Oceano Indico Norte registrar um aumento da atividade de distúrbios tropicais. Um deles é o poderoso ciclone tropical Gati, que atingiu a Somália nesse domingo (22).

Na quinta-feira da semana passada (19) uma área de baixa pressão se formou no Mar da Arábia e foi se organizando gradualmente à medida que se deslocava para oeste, tornando-se uma depressão tropical no sábado (21), de acordo com o Departamento Meteorológico da Índia (IMD, sigla em inglês). No domingo o sistema se tornou uma tempestade tropical, recebendo o nome de Gati e, apenas 12 horas depois de se tornar depressão tropical, Gati já era uma tempestade ciclônica severa.

Gati apresentou uma intensificação explosiva antes de atingir diretamente a Somália, país localizado no chamado Chifre da África, as 18h, hora local, no domingo. A tempestade atingiu o continente com ventos de 130 a 140 km/h, força equivalente a um furacão de categoria 2! Dessa forma, Gati se tornou a tempestade mais forte já registrada a atingir o país!

Essa intensificação explosiva foi possível devido a alta temperatura de superfície do Mar da Arábia, que serve como uma fonte de vapor d’água e calor para o sistema, e também ao baixo cisalhamento vertical do vento, ou seja, menor variabilidade de intensidade e direção do vento na vertical, que favorece uma melhor organização de sistemas tropicais profundos como esse.

Outras tempestades ciclônicas severas já se formaram no Mar da Arábia, porém, Gati se formou em uma posição mais a sul que o normal, o que possibilitou seu contato direto com a Somália. Além disso, poucas tempestades com intensidade equivalentes a de Gati ocorreram nessa região. Pelos registros da NOAA, que datam desde 1970, apenas 4 outros ciclones de categoria 2 ou mais ocorreram no oeste do Mar da Arábia. Esses ciclones sempre passavam pelas proximidades da Somália, mas nenhum antes de Gati havia feito um contato direto.

Acumulados de chuva da ordem de 100 a 200 mm caíram sobre a região norte do país, uma região desértica que não costuma receber tanta chuva. Em algumas localidades os acumulados ocorridos em algumas horas foram equivalentes ao esperado para um ou dois anos inteiros, gerando grandes inundações.

Até o momento Gati foi responsável pela morte de 8 pessoas (30 ainda estão desaparecidas) e obrigou a evacuação de mais de 15 mil pessoas. O sistema perdeu força ao atravessar a Somália e chegar ao Golfo do Aden, mas poderá continuar gerando chuvas na Somália, Etiópia, Djibuti e Iêmen.

Outro possível ciclone tropical no Índico

Enquanto Gati atingia a Somália no domingo, uma outra área de baixa pressão se formou ao sul da Baía de Bengala, próximo a costa sudeste/leste da Índia e Sri Lanka. Nessa segunda-feira o sistema já havia se intensificado para uma depressão tropical. Se o sistema continuar se intensificando, ele se tornará a tempestade ciclônica Nivar, antes de atingir o sudeste da Índia na quarta-feira (25).

A atividade de sistemas tropicais geralmente começa nessa época do ano e dura até dezembro no norte do Oceano Indico, após o enfraquecimento do padrão de monções que rege as chuvas no sul asiático durante os meses de verão boreal.