Ciclones tropicais mais frequentes e destrutivos nas últimas décadas

Um estudo publicado recentemente mostra que os ciclones tropicais nas últimas 4 décadas estão mais frequentes e intensos. Estes resultados abrem espaço para debate sobre a influência das mudanças climáticas neste tipo de sistema.

Impactos no litoral durante a passagem de ciclone tropical
Em um cenário de ciclones tropicais mais intensos, regiões costeiras serão mais impactadas.

Ciclones tropicais anualmente são responsáveis por mortes e impactos ao redor do mundo. Nações desenvolvidas conseguem monitorar os ciclones e adotar medidas de preparo ou de evacuação das zonas costeiras, sobretudo quando existe uma ameaça potencial à população.

No entanto, mitigar os impactos de um ciclone tropical não é uma realidade possível em todos os países que são afetados pelo sistema. Em um passado recente, o ciclone tropical Idai de categoria 3 atingiu o leste da África em março de 2019. O Moçambique e o Malawi foram os países mais afetados. Estima-se mais de 1.000 mortes e um prejuízo econômico de 7 milhões de dólares.

Existe uma vasta literatura que relaciona o aumento da intensidade e frequência dos ciclones tropicais com as mudanças climáticas. Uma das principais razões para isso, está baseada no aquecimento dos oceanos.

A principal fonte de energia de um ciclone tropical é justamente águas mais quentes sobre os oceanos. Qualquer processo do sistema climático que altere a temperatura da água, afetará diretamente o desenvolvimento dos sistemas de tempestades no trópico, incluindo os ciclones.

Um estudo publicado em maio deste ano na revista The Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, mostra que os ciclones tropicais se tornaram mais intensos e frequentes nos últimos 40 anos.

Registros de satélite de 1979 a 2017 confirmam o aumento de tempestades mais destrutivas associadas a ventos sustentados superiores a 185 km/h. Segundo os pesquisadores, a tendência do aumento global da atividade de ciclones tropicais é estatisticamente significativa no nível de confiança de 95%.

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“Este estudo confirma o que os modelos climáticos vêm prevendo há algum tempo – que a proporção das tempestades mais intensas aumentará à medida que o clima se tornar mais quente”, disse o Dr. Hamish Ramsay que estuda ciclones. Os cientistas encontraram uma tendência crescente de ciclones tropicais mais fortes até para regiões próximas da Austrália no sul do Oceano Índico e no sul do Oceano Pacífico.

O estudo ainda sugere que a probabilidade de um ciclone atingir velocidades de vento superiores a 185 km/h aumentou em cerca de 15% nos 39 anos estudados. Para os cientistas, há um sinal potencial das mudanças climáticas emergindo nos dados observados, e isso vai de encontro com o que os cientistas climáticos mostram há algum tempo. “Talvez agora chegamos a um ponto em que começamos a evidenciar dados observacionais que suportam o que os modelos estão nos mostrando”, disse Ramsay.

No dia 16 de maio de 2020, se formou na Baía de Bengala o ciclone tropical mais poderoso para a região desde o ciclone Odisha em 1999. A super tempestade ciclônica nomeada de Amphan chegou a atingir a categoria máxima da escala Saffir-Simpson no dia 18 de maio. Amphan fez landfall na costa da Índia como categoria 2 em meio a crise do novo coronavírus, gerando fortes impactos em cidades populosas e totalizando um saldo de 128 mortes entre o Sri Lanka, Índia e Bangladesh.