Cientistas descobrem a diferença na forma como o cérebro transmite informações em pessoas autistas

Pesquisadores da Universidade da Virgínia conduziram um estudo que revela mecanismos cerebrais interessantes relacionados ao autismo, o que poderia contribuir para uma identificação mais precisa desta doença.

autismo
Os cientistas estão usando novos métodos computacionais para compreender melhor o quadro do autismo em nível neurológico, ajudando a melhorar os diagnósticos.

O transtorno do espectro autista (TEA) pode apresentar uma ampla gama de sintomas e uma escala de gravidade muito grande. Até agora, as abordagens diagnósticas baseavam-se na análise da doença através de comportamentos, não só através de listas de verificação, mas também através de imagens de ressonância magnética (MRI) que mapeiam entradas e respostas no cérebro.

Ainda não está totalmente compreendido como o cérebro funciona internamente no autismo, levando a certos comportamentos observados. Pesquisadores da Universidade de Virgínia (UVA) identificaram alguns mecanismos cerebrais intrigantes relacionados ao autismo, o que poderia melhorar a precisão do seu diagnóstico.

Os pesquisadores usaram ressonância magnética por difusão (usando difusão molecular no tecido cerebral) para expor os mecanismos cerebrais internos de pessoas autistas e não autistas. O método funciona medindo como a água é transmitida pelo cérebro e interage com as membranas.

Isso permitiu à equipe construir modelos matemáticos de como funcionam as microestruturas cerebrais, para mostrar diferenças estruturais subjacentes em pessoas autistas em comparação com aquelas sem autismo.

"Não foi bem compreendido quais poderiam ser essas diferenças. Esta nova abordagem analisa as diferenças neurais que contribuem para a etiologia do transtorno do espectro autista", disse Benjamin Newman, pesquisador de pós-doutorado do Departamento de Psicologia da UVA.

O trabalho dos pesquisadores utiliza técnicas computacionais modernas baseadas em sua compreensão fundamental da condutividade eletroquímica em neurônios proposta anteriormente por Andrew Huxley e Alan Hodgkin.

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Seus métodos computacionais revelaram uma diferença subjacente na forma como o cérebro processa informações em indivíduos autistas com base na atividade entre neurônios e membranas.

Os resultados do estudo, publicados na revista PLOS One, correlacionam-se bem com os métodos de diagnóstico existentes para o autismo, como o Questionário de Comunicação Social. "O que estamos vendo é que há uma diferença no diâmetro dos componentes microestruturais nos cérebros das pessoas autistas que pode fazer com que conduzam eletricidade mais lentamente", disse Newman. "É a estrutura que limita o funcionamento do cérebro".

Uma forma de superar observações "subjetivas"

Para os cientistas, o autismo não se limita a comportamentos que parecem “diferentes” e que podem variar muito de uma pessoa para outra. O autismo pode ser definido de forma mais concreta através de uma “imagem” recentemente revelada de sua estrutura subjacente no cérebro.

John Darrell Van Horn, coautor do estudo, disse: “Precisamos de maior fidelidade em termos das métricas fisiológicas que temos para que possamos entender melhor de onde vêm esses comportamentos. Esta é a primeira vez que este tipo de métrica é aplicado em uma população clínica e lança uma luz interessante sobre as origens do TEA”.

Identificar essa métrica pode ajudar no diagnóstico e tratamento de pessoas autistas. Mas ainda há muito mais para entender sobre o autismo, como mecanismos subjacentes adicionais no cérebro, mas este é um grande passo em direção ao cérebro autista.

Comparado com pesquisas mais tradicionais, o estudo analisa exclusivamente como o cérebro transfere informações em suas redes dinâmicas. O professor Van Horn mencionou que este parece ser um estudo bem-sucedido, mostrando que há algo fundamental que é diferente naqueles com diagnóstico de autismo, em comparação com aqueles que são considerados neurotípicos.

Referência da notícia:

Newman, B. T. et al. Conduction velocity, G-ratio, and extracellular water as microstructural characteristics of autism spectrum disorder. PLOS One, v. 19, 2024.