Clima de agosto vai favorecer o desenvolvimento de pragas agrícolas em boa parte do Brasil
Agosto seco e quente aumenta risco de pragas agrícolas no Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Veja como proteger suas culturas.
Agosto de 2024 está previsto para ser marcado por temperaturas acima da média e tempo seco em diversas regiões do Brasil, especialmente no Sudeste, Centro-Oeste e parte norte da Região Sul. Estas condições climáticas, caracterizadas por calor extremo e baixa umidade relativa do ar, criam um ambiente altamente propício para o desenvolvimento de pragas agrícolas. O clima quente e seco pode acelerar o ciclo de vida de muitos insetos-praga, aumentar suas taxas de reprodução e expandir suas áreas de infestação. Além disso, essas condições podem estressar as plantas, tornando-as mais vulneráveis aos ataques de pragas.
No Sudeste, áreas como o interior de São Paulo e o Triângulo Mineiro devem enfrentar um agosto particularmente seco, com volumes de chuva abaixo da média histórica. Esta baixa umidade relativa do ar não só favorece a proliferação de pragas como também dificulta o manejo adequado das culturas, uma vez que a água disponível para irrigação também pode se tornar escassa. Culturas como café, cana-de-açúcar, milho safrinha, hortaliças e frutas, como laranja e banana, estão em fases fenológicas críticas durante este período, o que aumenta a importância de estratégias eficazes de controle de pragas.
Boa parte do Brasil não tem previsão de chuvas significativas ou, até mesmo, não há volumes previstos. Além disso, as temperaturas ficam acima da média com potencial de um evento de onda de calor mais para o fim do mês.
No Centro-Oeste, estados como Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul também devem experimentar um mês de agosto com temperaturas acima da média e praticamente sem chuvas. Nessas condições, culturas como soja, milho safrinha, algodão e hortaliças podem sofrer ataques intensificados de pragas como lagarta-do-cartucho, mosca-branca e percevejo marrom. A gestão integrada de pragas torna-se essencial para evitar perdas significativas na produtividade.
Na parte norte da Região Sul, incluindo o norte do Paraná, as culturas de trigo, milho safrinha, hortaliças e frutas estão igualmente em risco devido às condições climáticas adversas previstas para agosto. A falta de chuvas e as altas temperaturas podem promover um aumento populacional de pragas que, de outra forma, seriam controladas por condições mais úmidas e frescas.
Diante deste cenário, a adoção de medidas preventivas e um manejo integrado de pragas são essenciais para mitigar os impactos negativos na produção agrícola. A combinação de monitoramento constante, controle biológico, e práticas culturais adequadas pode ajudar a reduzir a proliferação de pragas e proteger as lavouras contra os efeitos adversos do clima
Principais pragas e seus efeitos
Lagarta-do-Cartucho (Spodoptera frugiperda): Afeta principalmente milho e algodão. Pode causar desfolhamento severo e redução na produtividade. Prolifera rapidamente em condições de calor e seca.
Mosca-Branca (Bemisia tabaci): Ataca uma ampla variedade de culturas como soja, feijão e hortaliças. Transmite viroses e causa murcha das plantas. Condições secas favorecem sua multiplicação.
Broca-do-Café (Hypothenemus hampei): Causa perdas significativas na produção de café. Temperaturas altas aceleram seu ciclo reprodutivo. Favorecida por períodos secos, prejudicando a qualidade dos grãos.
Pulgões (Aphididae): Atacam diversas culturas como trigo, hortaliças e frutíferas. Transmitem viroses e causam enfraquecimento das plantas. Proliferam em ambientes quentes e secos, com controle dificultado por essas condições.
Percevejo Marrom (Euschistus heros): Principalmente danoso à soja, mas também afeta algodão e milho. Pode causar queda de produtividade devido à sucção de seiva e injeção de toxinas. Favorecido pelo clima quente e seco.
O Psilídeo asiático e a laranja
Uma praga específica que representa uma ameaça significativa é o psilídeo asiático (Diaphorina citri), transmissor da bactéria que causa o greening, uma doença devastadora para os laranjais. Condições de seca e calor extremo favorecem o aumento da população deste inseto, facilitando a disseminação do greening. O psilídeo se aproveita das brotações de laranjeiras, que se tornam atrativos irresistíveis durante períodos de calor prolongado e baixa umidade
Para mitigar o impacto dessas pragas, algumas estratégias podem ser adotadas pelos agricultores: Monitoramento constante: Inspeções regulares nas lavouras para detecção precoce das pragas. Controle biológico: Utilização de inimigos naturais das pragas, como parasitoides e predadores. Manejo integrado: Combinação de práticas culturais, biológicas e químicas para controle mais eficiente. Irrigação: Manutenção da umidade do solo pode ajudar a reduzir a proliferação de algumas pragas.
As condições climáticas previstas para agosto, com temperaturas acima da média e tempo seco, aumentam significativamente o risco de desenvolvimento de pragas agrícolas. A adoção de medidas preventivas e um manejo integrado de pragas são essenciais para minimizar os impactos negativos na produção agrícola e garantir a segurança alimentar.