Clima extremo já provocou 2 milhões de mortes e trilhões de dólares em prejuízo
De acordo com novo levantamento feito pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), enquanto o número de mortes relacionadas a extremos do clima e de água diminuíram ao longo dos últimos anos, as perdas econômicas aumentaram!
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) atualizou os dados em seu Atlas de Mortalidade e Perdas Econômicas por Riscos Meteorológicos, Climáticos e Relacionados à Água e o divulgou nesta segunda-feira (22). Agora os dados do atlas cobrem um período de 51 anos, de 1970 a 2021.
De acordo com esses dados, os eventos climáticos extremos causaram 11 778 desastres entre 1970 e 2021, que foram responsáveis por mais de 2 milhões de mortes e perdas econômicas de 4,3 trilhões de dólares. Mais de 90% das mortes ocorreram em países em desenvolvimento, ou seja, países mais pobres.
Globalmente, os desastres relacionados a inundações foram dominantes. Porém, em termos de impacto, os ciclones tropicais foram os principais causadores de perdas humanas e econômicas. Foram 2 050 desastres atribuídos a ciclones em todo o mundo, 38% deles ocorreram na Ásia.
Em relação às perdas econômicas, os países desenvolvidos foram os mais atingidos. Os Estados Unidos perderam 1,7 trilhões de dólares, o que representa 39% das perdas econômicas mundiais desses 51 anos. Já em relação a quantidade de desastres reportados, a Ásia foi o continente que registrou o maior número de desastres, o que corresponde a 31% dos desastres mundiais.
Os dados trazem notícias ruins, mas também algumas boas. Para o período de 1970 a 2019, a OMM constatou que no início desse período o mundo registrava mais de 50 mil mortes por ano, a partir de 2010, o número caiu para 20 mil mortes ao ano.
Entre 2020 e 2021 foram registradas 22 608 mortes no mundo. Esses números mostram que há uma tendência clara de diminuição da mortalidade relacionada aos desastres climáticos. De acordo com a OMM, essa diminuição ocorre graças à implementação de sistemas de alertas precoces, que ajudam a retirar a população de áreas vulneráveis em tempo. Porém, até o momento, apenas metade dos países do mundo possui esses sistemas.
Por esse motivo, a Organização das Nações Unidas (ONU) quer garantir que todas as pessoas do mundo estejam protegidas por um sistema de alerta precoce até o final de 2027. Esse foi o principal tópico de discussão no primeiro dia do 19° Congresso Mundial Meteorológico, nesta segunda, em Geneva.
Ao contrário da tendência de queda das mortalidades, as perdas econômicas aumentaram em 7 vezes de 1970 a 2019, passando de 49 milhões de dólares por dia durante a primeira década, para 383 milhões de dólares por dia na última.
Nenhuma região do mundo saiu ilesa!
Apesar dos países mais pobres terem sido os que mais sofreram com os desastres climáticos, nenhuma parte do mundo ficou ilesa. O atlas apresentou um resumo dos dados levantados para cada região do planeta:
- África: Foram reportados 1 839 desastres, que causaram 733 585 mortes e 43 bilhões de dólares em perdas econômicas. As secas foram responsáveis por 95% das mortes relatadas. Cerca de 400 mil mortes ocorreram devido às secas nos anos de 1973 e 1983 na Etiópia, o que representa 55% das mortes reportadas nesses 51 anos na África.
- América do Sul: Houve 943 desastres atribuídos a extremos climáticos, responsáveis por 58 484 mortes e 115,2 bilhões de dólares em prejuízo. As inundações responderam por 61% desses desastres, com o caso mais fatal sendo responsável por 30 mil mortes na Venezuela em 1999, que representa mais de 50% do total de mortes da América do Sul nesses 51 anos.
- América do Norte, América Central e Caribe: Foram 2 107 desastres climáticos, associados a 77 454 mortes e prejuízo de 2 trilhões de dólares. O mais fatal foi o Furacão Mitch em 1998, que provocou mais de 26 mil mortes na América Central.
- Europa: 1 784 desastres resultaram em 166.492 mortes e 562 bilhões de dólares em perdas econômicas. O desastre mais fatal foi uma onda de calor em 2003 que provocou dezenas de milhares de mortes em países como Itália, Espanha e França.
- Oceania e Ilhas do Pacífico Sudoeste: Foram 1 493 destrases, responsáveis por 66 951 mortes e perda de 185,8 bilhões de dólares. As Filipinas registraram a maior mortalidade da região, com 49 709 mortes causadas principalmente por tempestades.
- Ásia: Como mencionado anteriormente, esse foi o continente com mais desastres relatados, 3 612 no total, que resultaram em 984 263 mortes e uma perda de 1,4 trilhão de dólares. O evento mais desastroso foi o Ciclone Nargis, que deixou 138 366 mortos em 2008 em Mianmar.