Clima seco e alta do óleo fazem preço da soja disparar: o que isso significa?

A soja subiu 1,29%, impulsionada pela recuperação dos preços do óleo e pela falta de chuvas nos EUA e Brasil, que atrasa o plantio e pode afetar a oferta global, causando preocupações no mercado.

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Campo de soja.

O mercado de soja registrou um movimento de alta significativo em 9 de setembro de 2024. O contrato de novembro da commodity, negociado na Bolsa de Chicago, encerrou o pregão com uma valorização de 1,29%, atingindo US$ 10,05 por bushel. Essa elevação nos preços foi, em grande parte, impulsionada pela recuperação dos valores do óleo de soja, um subproduto importante da oleaginosa, que registrou crescimento após um período de retração na semana anterior.

Além do aumento nos preços do óleo, outro fator decisivo para a alta da soja foi o impacto das condições climáticas desfavoráveis em regiões chave de produção. Tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, a ausência de chuvas adequadas tem sido uma preocupação central para produtores e investidores.

No cinturão de grãos dos EUA, as safras tardias enfrentam desafios de desenvolvimento devido à falta de umidade, o que pode comprometer o potencial produtivo dessas plantações. No Brasil, um dos maiores produtores e exportadores de soja do mundo, a seca também tem prejudicado o início da safra 2024/2025, causando atrasos no plantio em diversas regiões.

Condições climáticas e seus impactos no plantio

No Brasil, o vazio sanitário, período em que o plantio de soja é proibido para evitar a proliferação de pragas, já terminou em algumas regiões, como o Mato Grosso. No entanto, a baixa umidade do solo, combinada com o clima quente e seco que predomina em grande parte do país, tem impedido o início do plantio da nova safra. Este atraso pode impactar diretamente a oferta de soja nos próximos meses, especialmente se as condições climáticas desfavoráveis persistirem.

O atraso no plantio da safra brasileira gera preocupações no mercado global, pois o Brasil é responsável por uma grande parcela das exportações mundiais de soja. Uma safra menor ou atrasada pode reduzir a oferta global da commodity, pressionando ainda mais os preços no mercado internacional. Além disso, a irregularidade das chuvas não afeta apenas a soja, mas também outras culturas como o milho e o trigo, que também registraram leves altas nos preços durante o pregão da Bolsa de Chicago.

Milho e trigo: impactos similares

Enquanto a soja foi o principal destaque do mercado de commodities em 9 de setembro, o milho e o trigo também registraram valorizações, embora de maneira mais modesta. O milho, por exemplo, encerrou o pregão com alta de 0,25%, sendo cotado a US$ 4,0625 por bushel, enquanto o trigo subiu 0,26%, alcançando US$ 5,67 por bushel. No entanto, a demanda global por milho tem sido afetada pela redução das importações chinesas, que caíram significativamente em comparação com anos anteriores.

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Gráfico do preço da soja (em US$) mostrando queda entre maio e setembro de 2024, com projeção de continuidade da baixa. Fonte: Trading Economics.

Apesar dessa desaceleração na demanda, o mercado de milho encontrou algum suporte nas altas taxas de produção de etanol, que aumentam a necessidade do cereal como matéria-prima. Entretanto, as perspectivas para o milho seguem desafiadoras, com a previsão de queda nos preços a médio prazo, conforme relatado por analistas do setor.

No caso do trigo, os preços foram influenciados por fatores geopolíticos, especialmente pela guerra na Ucrânia, um dos principais produtores e exportadores globais do cereal.

Desde o início do ciclo comercial de 2024/2025, a Ucrânia exportou 4,1 milhões de toneladas de trigo, um aumento de mais de 79% em comparação com o mesmo período do ciclo anterior. Esse aumento nas exportações ajudou a segurar os preços, mas a instabilidade da região segue sendo um fator de risco para o mercado.

O que esperar nos próximos meses?

O mercado de commodities agrícolas, especialmente soja, milho e trigo, está fortemente vinculado às condições climáticas. No curto prazo, a ausência de chuvas nas principais regiões produtoras continua a ser o fator mais relevante para a definição dos preços.

Se a seca persistir no Brasil e nos Estados Unidos, pode-se esperar uma pressão adicional sobre os preços da soja, já que o início tardio da safra brasileira pode afetar a oferta global.

O mercado de soja segue aquecido devido à combinação de fatores climáticos e à recuperação dos preços do óleo. Para os próximos meses, o foco estará nas condições meteorológicas e no ritmo do plantio no Brasil, o que será crucial para definir o comportamento dos preços dessa importante commodity. Se você quiser se manter informado sobre as condições climáticas e os impactos no mercado agrícola, continue acompanhando as atualizações em Meteored.